Cidades

Sexta-Feira, 23 de Agosto de 2024, 20h22

Ambulatório Hend Santana é inaugurado para atendimento a pessoas trans

Gazeta Digital

Foi inaugurado nesta sexta-feira (23), o primeiro Ambulatório de Atenção à Transsexualidade, no Centro de Referência em Média e Alta Complexidade de Mato Grosso (Cermac), em Cuiabá. O local realizará atendimentos clínicos assim como pré e pós-operatórios, das cirurgias de redesignação sexual, que serão ofertadas pelo estado. O local ainda garante profissionais especializados para receita de hormônios e dúvidas frequentes

A pedido da defensora pública, Rosana Leite, a primeira-dama do estado Virginia Mendes e o secretário estadual de saúde, Gilberto Figueiredo, nomearam o centro ambulatório de Hend Santana, em homenagem à artista plástica que morreu em maio de 2022, de infarto.

Durante o evento, o presidente estadual do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (IBRAT), Julian Tacanã, enfatizou a necessidade dos movimentos sociais e politicas públicas nas unidades do Serviço Unico de Saúde (SUS) para atender ao público LGBTQIAP+.

“O que está acontecendo hoje aqui é dar dignidade para as pessoas trans e travestis. É essencial o que os movimentos sociais fizeram para isso sair do papel, desde 2017. Isso não vai acabar com as nossas reivindicações, é um pontapé, porque a gente precisa de um centro de referência para as pessoas trans e travestis, porque a gente precisa também da contra referência dentro da unidade do SUS. Quando a gente fala da política de pessoas na trans e travestis, a gente está falando de qualidade, de integralidade, e o SUS faz essa verbalização de ser gratuito, de ser universal. E o que a gente está fazendo aqui é poder colocar que todo mundo, independente do seu gênero, tem o seu direito a acesso à saúde”.

Falou também a Presidente da Associação de Travestis e Transexuais de Mato Grosso (Astra), Josy Thaillor, primeira mãe trans do estado, que ressaltou como o Brasil ainda é líder em assassinatos a pessoas trans e que o estado de Mato Grosso deve dar luz à comunidade.

“É um sonho que estamos realizando hoje, mas também é um direito nosso. Porque somos comunidade, somos sociedade, somos eleitores. Esse sonho já vem de décadas, principalmente para a comunidade trans, para mostrar para a comunidade que é importante a saúde da população trans. Mato Grosso precisa olhar para nossa comunidade, principalmente para a população trans. Este ano, o Brasil completa 15 anos no primeiro lugar de países que matam as pessoas trans e travestis. E Mato Grosso precisa acolher mais essa população, precisa olhar com um olhar mais humano, porque nós existimos, resistimos todos os dias, porque a gente está de casa, a gente não sabe se volta vivo para nossa casa”

“Nós, estamos no 12º lugar da capital, que ainda precisa evoluir muito. Sabemos que Mato Grosso é um estado ainda muito preconceituoso, mas a luta não é só do estado, mas de todos nós como comunidade. A gente precisa se unir, se organizar para que parem de matar a nossa população trans, a gente merece viver, a gente merece ter história e contar a história, principalmente no nosso estado”, enfatizou.

A Presidenta do Grupo Livremente, Xica da Silva, reforçou a necessidade do ambulatório devido à necessidade de profissionais que não negligenciem o atendimento por não saber lidar com o público. “Esse ambulatório foi de discussões políticas muito grandes. Hoje, 50% das mulheres trans, passam por dificuldades sobre hormônios, por não poder tomar o hormônio, ela se automedica sem passar por um médico, por isso, esse local é de extrema importância. Nós somos mulheres trans, precisamos de atendimento, psicólogo, psiquiatra, ginecologista, médico que vai estar capacitado para atender a gente, com a consciência e a capacitação de falar a forma correta e não negligenciar de atendimento”.

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