Quinta-Feira, 01 de Abril de 2021, 00h39
TOCILIZUMABE X COVID
Apresentador de TV usa "remédio experimental" e melhora em Cuiabá
Andersen segue internado, mas infecção está controlado
WELINGTON SABINO
Da Redação
Aproveitando o caso do jornalista e apresentador Andersen Navarros, de 53 anos, que teve mais de 50% dos pulmões comprometidos pela Covid-19 e continua internado num hospital particular de Cuiabá fazendo tratamento, o médico Germano Alves Pacheco comentou sobre a prática adotada por alguns profissionais, de indicar medicamentos destinados a outras doenças, como uma "medida experimental" na tentativa de conter a infecção causada pelo coronavírus. No caso do jornalista, foi utilizado o Tocilizumabe, medicamento de alto custo destinado ao tratamento de pacientes com artrite reumatoide.
No caso de Andersen, a iniciativa deu certo e a infecção foi controlada de modo que ele continua internado fazendo fisioterapia e sendo monitorado quanto ao comprometimento pulmonar. O profissional da comunicação foi internado no Complexo Hospitalar de Cuiabá no dia 16 de março e a fase mais crítica já foi superada.
"Ele tem evoluído muito bem. Respondeu muito bem a essa medicação. Os marcadores inflamatórios dele caíram bastante seguidamente nos dias que se seguiram a essa aplicação dessa injeção. Os marcadores de infecção bacteriana não aumentaram. Então, a gente está conseguindo controlar ele sem uma infecção bacteriana oportunista grave. Ele ainda evoluiu na doença no comprometimento pulmonar", explicou o médico Germano Alves numa entrevista concedida de forma remota ao jornalista Igor Taques, diretor da Cidade Verde, Igor Taques, emissora onde Andersen trabalha atualmente.
Conforme o profissional médico, apesar da melhora, Andersen ainda precisa de cuidados contínuos. "Ele teve uma lesão muito importante dessa Covid, mas nos últimos dias ele tem evoluido muito bem. É um quadro muito grave, estável com indicação de melhora. Ele tem feito fisioterapia, tem sido acompanado de perto com fisioteraputa que coordena a equipe e feito a fisioterapia adequada pra esse momento que ele precisa é recuperar o pulão. É uma recuperação lenta, mas está na via de melhora", explicou o médico.
DIAGNÓSTICO TARDIO
Na entrevista, o médico explica que o jornalista chegou ao consultório com diagnóstico tardio para a Covid-19 com acometimento de mais de 50% dos pulmões, apresentando um quadro bem delicado. "Ele iniciou um tratamento muito tardiamente e a gente solicitou alguns exames e percebeu que não estava evoluindo da forma como a gente conseguiria manter de uma forma segura o tratamento ambulatorial. Então, foi indicado pra ele a internação num apartamento onde pudesse ser mais bem avaliado com mais frequência, pra gente fazer um acompanhamento mais próximo. E no decorrer da internação a gente percebeu que ele estava numa fase inflamatória muito intensa", explicou o médico.
Conforme o profissional, o paciente quando entra na fase inflamatória a equipe médica responsável precisa tentar segurar a inflamação. "Nesse caso, recorremos a algumas medicações que a gente usa, como cortidóide e ele não respondeu muito bem ao tratamento que a gente propôs inicialmente. Então, nesse caso quando o paciente não responde a essa tentativa inicial de segurar a inflamação decorrente dessa fase da Covid, a gente tende a indicar essa medicação que ele fez o uso que foi o Tocilizumabe, que é uma medicação que diminui a resposta inflamatória do paciente porque ela inibe uma via de inflamação que é mesma via desencadeada em outras doenças. Essa medicação é reposicionada que a gente chama, uma medicação que não é pra Covid. Ela é uma medicação pra artitre reumatóide", colocou Germano Alves.
No caso de pacientes, com artrite reumatóide a medicação é utilizada quando não se consegue resolver a inflamação com outras medicações. "A gente usa essa medicação com muito boa resposta na artitre reumatóide. E lá no início da pandemia começaram a sair estudos que o paciente hiperinflamado na Covid, uma das vias inflamatórias que se elevam essa cascata de inflamação, que a gente chama de tempestade de citocinas, que é o momento em que o Anderson estava, uma das vias de inflamação é a ativação da interleucina 6. A gente usa essa medicação esperando então diminuir essa hiperinflanação", comentou.
INDICAÇÃO MÉDICA E RISCO DE MORTE
Ao mesmo tempo, o médico alerta que a medicação não deve ser utilizada por conta própria por pessoas infectadas pela Covid. "Ela tem que ser bem indicada no momento certo, pra pessoa certa porque um dos efeitos colaterais que essa medicação pode levar é uma depressão do sistema imunológico e se a gente indicar ela no momento errado o paciente pode ter uma infecção bacteriana oportunista que normalmente é grave e leva a uma complicação grave que é a sepse e muitos pacientes evoluem pra óbito por uma infecção bacteriana. Tem que ter todo um cuidado para indicar, o paciente não pode ter infecção bacteriana grave, ele tem que estar com uma cobertura boa de antibiótico, tem que ficar monitorizado porque ao menor sinal de infecção bacteriana a gente tem que controlar essa infecção que pode surgir", alertou.
MEDICAMENTO EXPERIMENTAL
Também profissional da medicina conhecido na Capital, o médico Werley Peres, ex-secretário municipal de Saúde de Cuiabá, confirmou que o uso desse fármaco para tratar pacientes com Covid é uma aposta sem comprovação em evidências científicas. "Na verdade isso na medicina chamamos de uso off label. Uso que não está recomendado na bula. No caso da Covid é uma tentativa, mas não há evidências robustas de que funcione. Mas alguns médicos em alguns serviços estão prescrevendo. Aqui em Cuiabá não sei quem está fazendo", disse Werley Peres num grupo de WhatsApp na semana passada ao responder o questionanento de um participante do grupo sobre o motivo de um medicamento usado para tratar artite reumatoide ter sido indicado ao jornalista infectado pela Covid-19.
A curiosidade sobre o medicamento aumentou porque a família do jornalista na época encontrava dificuldades para encontrar o remédio em farmácias de Cuiabá e por isso uma mensagem pedindo ajuda foi viralizada no dia 20 de março em vários grupos de WhatsApp com jornalistas e médicos . A mensagem dizia que Andersen precisava do medicamento Tocilizumabe 162 mg que estava em falta nas farmácias e pedia ajuda para conseguir o fármaco.
Consultas na internet mostram que o medicamento chega a custar R$ 6 mil.
LuÃs | 01/04/2021 11:11:12
Aqui se faz aqui se paga.... Lembram da moça que foi torturada por esse " apresentador "??? Salvo engano, foi por causa da religião que ele pratica. Conseguiu se safar da justiça dos homens.
Dona Porfiria - aposentada | 01/04/2021 10:10:59
Esse apresentador chamado Igor é bolsonarista. Pode ser que tenha tomado muita cloroquina em outras épocas. Resta saber se ele é contra as vacinas também.
Márcio | 01/04/2021 09:09:34
Não se trata de remédio experimental. É um medicamento usada para tratar os "efeitos" do vÃrus e não o vÃrus, propriamente dito. Por favor, não comparem com "tratamento precoce" com cloroquina e ivermectina que, teoricamente, são usados como antivirais. Tocilizumabe não é droga experimental. Tem autorização de uso por algumas agências internacionais, mas como disse o médico, tem uso muito restrito e a situações excepcionais. Nos hospitais em São Paulo são usados desde o começo da pandemia. Mas, repita-se, não se trata de medicação capaz de mudar a história coletiva da doença. Serve para situações muito especÃficas. Isso é bom ficar claro, pq se não tem gente que acha que chegou a cura para o Covid.
so observo... | 01/04/2021 08:08:58
Uso off label deste medicamento pode, mas dos outros, muito mais barato não pode, como a emissora que este jornalista trabalha tanto crÃtica? Hipocrisia. Desejo melhoras a pessoa do jornalista.
Jurema | 01/04/2021 08:08:03
Esse remédio sem estudo randomizado e duplo cego e não autorizado pela Anvisa a imprensa faz propaganda ne, neste diz que e2 medicamento Experimental. Aqueles outros medicamentos que Tem varios estudos e médicos que dizem ter recuperação também mas isso midia não vai falar né, afinal o Bolsonaro fez propaganda e ai não é medicamento experimental. Agora se o Bozo falar deste medicamente a manchete seria apresentador usa remédio sem comprovação cientÃfica e condenado por tais especialistas.
Andre moire | 01/04/2021 07:07:18
Cada médico com sua receita...
Esmagis-MT promove II Webinário do Eixo Ambiental
Quarta-Feira, 09.07.2025 11h38
Seduc lança seletivo para novos estudantes
Quarta-Feira, 09.07.2025 11h36
2ª elefanta africana chega a santuário de MT
Quarta-Feira, 09.07.2025 11h32
Câmara debate saúde bucal em Cuiabá
Quarta-Feira, 09.07.2025 11h28
Deputado tem ampla produção na ALMT
Quarta-Feira, 09.07.2025 11h26