Cidades

Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025, 14h52

ENTREGA LEGAL DE BEBÊS

Círculo de Paz capacita profissionais de saúde em VG

Da Redação

 

Quinze profissionais da área da saúde de Várzea Grande participaram, na tarde desta sexta-feira (13 de junho), de um Círculo de Paz realizado no Fórum do município. A ação integra a Semana da Entrega Legal, promovida pela Corregedoria-Geral da Justiça de Mato Grosso (CGJ-TJMT), e tem como objetivo capacitar os agentes públicos que atuam no primeiro atendimento a gestantes interessadas em entregar legalmente seus bebês para adoção.

O encontro foi conduzido pelo juiz Leonísio Salles de Abreu Júnior, da Comarca de Chapada dos Guimarães, que também atua como facilitador em círculos de paz. Segundo o magistrado, a iniciativa busca integrar a Justiça Restaurativa ao processo da entrega legal, promovendo um acolhimento humanizado às gestantes em situação de vulnerabilidade.

“A entrega legal é um ato de amor. A mulher que se encontra nesse momento tão difícil precisa de orientação, acolhimento e informação para que o processo ocorra de forma segura e legal”, destacou o juiz.

Grupo de pessoas sentadas em círculo no chão em torno de um diagrama com palavras como "Paz", "Coragem" e "Empatia". Um homem de camisa branca gesticula enquanto fala.O Círculo de Paz proporcionou um espaço de escuta, diálogo e troca de experiências entre os participantes. Enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde foram convidados por serem, na maioria das vezes, os primeiros a ter contato com gestantes nas unidades básicas de saúde dos bairros.

A enfermeira de uma unidade de saúde do bairro Parque do Lago, Lucimar Barbosa, compartilhou sua experiência durante o encontro: “Foi uma vivência muito acolhedora. Eu não tinha conhecimento sobre o tema e agora me sinto mais preparada para orientar e acolher uma mulher que deseje entregar seu bebê para adoção”, afirmou.

O juiz Tiago Souza Nogueira de Abreu, titular da Vara da Infância e Juventude de Várzea Grande, também participou da atividade e reforçou o papel do Poder Judiciário no processo. “Nosso trabalho vai além dos processos judiciais. Precisamos garantir que essa mulher seja respeitada e que a criança seja encaminhada para um lar seguro, dentro da legalidade”, pontuou.

Um grupo de cerca de 15 pessoas sentadas em círculo em uma sala. Um banner roxo com o texto "Entregar seu filho para adoção é um ato de AMOR" está à esquerda.Segundo o magistrado, a capacitação dos profissionais visa ampliar o conhecimento sobre o procedimento e desconstruir preconceitos. A gestante que manifesta a intenção de fazer a entrega deve ser orientada e encaminhada à Vara da Infância e Juventude, onde será ouvida por psicólogos e assistentes sociais. Após audiência com o juiz, caso a vontade seja confirmada, é decretada a perda do poder familiar, sendo garantido à mãe o prazo de 10 dias para eventual arrependimento.

Entrega Legal – A entrega legal é um direito previsto em lei que permite à gestante, caso não possa ou não queira cuidar do bebê, entregá-lo voluntariamente à Vara da Infância e Juventude. O processo é sigiloso, acompanhado por equipe técnica e com suporte psicológico, garantindo proteção tanto para a mãe quanto para a criança.

Adoção à brasileira – A prática conhecida como "adoção à brasileira" ocorre quando a entrega da criança é feita diretamente da mãe a terceiros, sem passar pelo Judiciário. Além de ilegal, essa forma de adoção configura crime previsto no Código Penal e expõe a criança a riscos, já que os receptores não são avaliados ou habilitados pelo sistema legal.

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