Sábado, 19 de Outubro de 2019, 11h40
Defensores públicos tomam posse afirmando vocação para servir aos necessitados
Da Redação
“O chamado que vem da boca Daquele que tudo criou pela força da palavra”. Esse é um dos significados do verbo latino “vocare”, vocação em português, e é como Amanda Dias, 30 anos, afirma que ela os três colegas empossados no cargo de defensores públicos nesta sexta-feira (18/10) se sentem diante da profissão que escolheram exercer: vocacionados.
Como oradora, com voz embargada pela emoção de finalmente concretizar um sonho, Amanda relatou a trajetória de sacrifícios, privações e a dedicação aos estudos - realidade comum aos quatro - a partir de suas experiências pessoais, para explicar o quão marcante é este dia para eles, suas famílias e para as pessoas que dependerão de seus serviços.
“Lembro-me como se fosse ontem do primeiro dia que sentei para estudar. Era o ano de 2013 e escolhi a escrivaninha do meu quarto, mas logo a secretária chegou para limpar e pediu que eu escolhesse outro cômodo. Optei então pela cozinha e logo ela apareceu e ligou a máquina de lavar roupas. O barulho era alto e me incomodava. Mas, com o passar dos dias eu comecei a entender que o barulho da máquina de lavar era muito pequeno, perto de todos aqueles que os meus pensamentos trariam durante essa trajetória de estudos. Um sonho, o sonho, isto é o que nos trouxe até aqui”, disse.
Amanda continuou afirmando que se não fosse o sonho de um dia se tornarem defensores públicos, não teriam chegado até o dia da posse. “O sonho nos motivou, é certo, mas Deus foi Deus que nos sustentou. À bem da verdade tenho certeza que antes desses sonhos serem nossos, esses sonhos eram de Deus. Que sorte a nossa, meus caros colegas, nós sonhamos o sonho de Deus. Mas, esse sonho não foi apenas nosso, tornaram-se sonhos de nossos pais, irmãos, avós, companheiros e companheiras”, continuou.
A defensora agradeceu a todos, lembrou dos apoios recebidos, afirmou que tiveram os passos guiados por Deus e que assim, pretendem seguir para a parte mais difícil da etapa: a que começa agora no trabalho efetivo, na busca de uma vida melhor para pessoas pobres, que mais precisam de auxílio.
“É chegada a hora de servirmos ao próximo. Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece, pronto estamos e não tenho dúvidas que há muito trabalho pela frente. É certo que as desigualdades sociais são alarmantes e que os direitos fundamentais básicos para se garantir a vida digna faltam aos nossos assistidos. Porém, a partir do momento em que a eles é garantido um direito, todos os demais podem ser alcançados. Aquele que possui acesso a Justiça, possui acesso a qualquer outro direito, portanto, somos isso, somos o direito de acesso à Justiça”.
Antes da oradora da turma ler o discurso, o defensor público-geral, Clodoaldo Queiroz, deu posse à Marília Oliveira Martins, 28 anos, Tainah da Silva Teixeira de Oliveira, 29, Amanda Pereira Leite Dias, 30 e Murilo David Brito, 31. Eles assinaram o termo de posse e prestaram o juramento da carreira.
A cerimônia de posse foi no auditório da sede administrativa da Defensoria Pública de Mato Grosso, na 16ª reunião extraordinária do Conselho Superior da Defensoria Pública, em sessão solene.
Defensor Público-Geral – Clodoaldo Queiroz agradeceu a presença de todos e reconheceu especialmente a importância do trabalho do atual secretário-adjunto de Relações Políticas da Casa Civil, Carlos Brito, presente na cerimônia. Ele afirmou que Brito teve atuação constante, permanente e aguerrida na defesa da Defensoria Pública, desde sua criação, quando até membros do sistema de Justiça ignoravam o papel do defensor. “Fica aqui nosso agradecimento público por tudo que você fez pela Instituição. A população de Mato Grosso deve isso a você”.
Queiroz afirmou que teria muito a dizer, porém, que tentaria ser breve. Ele lembrou aos empossados que não estava em sua programação nomear novos defensores públicos este ano. Porém, que a garra deles, associada ao trabalho da Administração, tornou essa realidade possível.
“O fato de conversar com vocês, não pela pretensão de serem nomeados, mas em ver o quanto vocês queriam ser defensores públicos, me encheu de motivação e vontade de lutar. Vocês me passaram a certeza de que nasceram para isso. E isso me fez pensar que não poderia perder o prazo desse concurso e não ter vocês nessa função”.
Ele contou que durante o trabalho de campanha para as eleições de defensor-geral vivenciou uma história emocionante, que ilustra perfeitamente o que significa ser defensor público. Numa reunião com o ex-governador Pedro Taques, para falar sobre orçamento, ele foi interrompido pelo colega, Rogério Borges de Freitas (atual primeiro subdefensor-geral), que fez um pedido urgente ao chefe do Executivo.
“Ele pediu ao governador que fizesse uma ligação, pois com ela poderia salvar a vida de uma criança com câncer, que morreria, caso não fizesse uma cirurgia. Saímos de lá e tempos depois, visitando o município de Cláudia, o Rogério me chamou para apresentar o pai e a menina, para a qual, naquele dia, conseguimos o atendimento. Ela estava viva. Fez a cirurgia e estava se recuperando. Com essa história quero dizer a vocês que esse é o nosso poder, isso é ‘defensorar’. Temos que fazer audiências no Fórum, montar processos no gabinete, mas a nossa principal função é essa: salvar vidas”.
Governo – O secretário-adjunto de Relações Políticas da Casa Civil, Carlos Brito, esteve presente na posse representando o Governo e afirmou que a atual administração pretende estabelecer um “tempo novo” com a DPMT e que isso exigirá muito diálogo, reposicionamento de informações, com a intenção de “passar a limpo” a relação e fazer uma revisão histórica dela.
Ele lembrou que o Estado tem um juiz, um acusador e precisa de um defensor para que essa tríade que forma a composição do sistema de Justiça esteja em pé de igualdade.
“Os acolho, Marília, Murilo, Tainah, Amanda, sejam bem-vindos ao serviço público, assumindo uma função bastante específica e que se diferencia das outras. Participamos ativamente de várias conquistas para a consolidação legal e institucional da DPMT. Já se vão cinco governos que, de uma forma ou de outra, atuei em defesa do órgão. Queria muito ser defensor público, mas fiz outras opções, e diante disso, criei um título para mim mesmo, o de defensor da Defensoria. E onde estou a Defensoria tem uma voz em sua defesa”, garantiu.
A formalidade contou com a participação de todos os integrantes da Administração Superior, do corregedor-geral, Márcio Dorilêo, do representante do Governo, da presidente em exercício da Associação Mato-Grossense dos Defensores Públicos de Mato Grosso (Amdep), Odila dos Santos, da vice-presidente da Escola Superior da DPMT, Rosana Monteiro, do ouvidor-geral, Cristiano Preza e dos conselheiros: Fernanda Cícero, Sílvio de Santana, Erico da Silveira, Paulo Marquezini e Kelly Christina Otácio.
Papel especial - Para Kelly, os novos defensores terão a função de ser a último recurso, a última fronteira a ser atravessada até que uma pessoa desista de ter esperança.
“Estou aqui como conselheira e vou dar um conselho: sejam fortes, corajosos e resilientes, pois a partir de hoje vocês serão o último recurso de uma população carente, vocês serão a última tábua de salvação e por esse motivo, devem vibrar positividade, porque receberão pessoas sofridas, desesperançadas. E já que disseram que Deus os trouxe até aqui, nas horas difíceis, recorram a Ele, peçam o auxílio do Espírito Santo e acolham aqueles que nada têm”.
Família - Para os familiares dos defensores empossados o momento foi de grande emoção, orgulho e a sensação de conquista, dever cumprido. “Disse para minha filha, orgulhe-se de sua conquista, mas principalmente, valorize o caminho que trilhou para chegar até aqui. Pois foi com força, determinação, disciplina e foco que conseguiu. Foi deixando muito feriado, finais de semana, carnavais de lado, que ela chegou ao seu sonho. A entrego para Mato Grosso com a sensação de dever cumprido”, disse Romília Oliveira, mãe da fortalezense Marília.
No período da tarde os novos defensores já começam a participar do curso de formação, que vai do dia 18 a 31 de outubro, com várias atividades teóricas e práticas, para que tenham contato com a população e o trabalho que desenvolverão.
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