O policial civil Mario Wilson Vieira da Silva Goncalves será levado a júri popular no ia 4 de julho deste ano pelo crime de homicídio qualificado do policial militar Thiago de Souza Ruiz, ocorrido em 27 de abril de 2023 em um posto de gasolina localizado na rua Estevão de Mendonça, no bairro Quilombo, em Cuiabá. A decisão é da juíza Cristhiane Trombini Puia Baggio, da 1ª Vara Criminal da Capital.

“Designa-se o dia 04 de julho de 2025 às 09h para a realização de sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri no Plenário Da 1ª Vara Criminal, a ser realizada na forma presencial (Resolução CNJ nº 481/2022). A sessão de julgamento será realizada presencialmente e, excepcionalmente, diante de situações peculiares, será autorizado o acesso remoto via link a ser disponibilizado posteriormente pela equipe do Juízo”, diz a decisão.

O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) denunciou Mário Wilson pelo homicídio do policial militar Thiago Ruiz, em 31 de maio de 2023. Conforme o inquérito policial, o crime foi praticado por volta das 3h30, após uma discussão entre o acusado e a vítima. Mário estava acompanhado de Gilson Vasconcelos Tibaldi de Amorim Silva e, ao chegar na conveniência, encontrou outro policial civil, Walfredo Raimundo Adorno Moura Júnior, seu colega.

Ambos foram apresentados a Thiago, que também se encontrava no local. Conforme apurado, logo após serem apresentados, Mário começou a questionar e zombar da condição de policial militar da vítima, dizendo: “Você não é polícia bosta nenhuma”. A situação se agravou quando Thiago, na tentativa de provar sua identidade, levantou a camisa e mostrou uma cicatriz. Nesse momento, Mário percebeu o revólver na cintura do policial, tomou a arma dele e alegou que chamaria a polícia para averiguar a legalidade do armamento.

Em seguida, Mário sacou uma pistola que portava e a apontou para a vítima, guardando-a logo depois, mas permanecendo com o revólver de Thiago em mãos. O militar tentou recuperar sua arma e houve luta corporal entre os dois. Durante a briga, o amigo Gilson conseguiu desarmá-los, mas a confusão seguiu.

Thiago aplicou um "mata-leão" no agressor, e o policial civil Walfredo tentou intervir para separá-los. Neste momento, Mário sacou novamente sua pistola e descarregou a arma contra Thiago, segundo o MPE. Testemunhas relataram que os primeiros disparos atingiram Thiago enquanto ele ainda estava no chão, e, mesmo após tentar se levantar e fugir, ele foi alvejado mais vezes pelas costas.

A perícia confirmou que a vítima foi atingida mesmo quando tentava buscar socorro. Thiago chegou a ser encaminhado para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. A denúncia do MP aponta que o crime foi cometido por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que Thiago foi baleado pelas costas enquanto tentava escapar.

Além disso, o órgão destacou que Mário foi informado previamente, por seu amigo Walfredo, de que Thiago era, de fato, policial militar, reforçando o caráter gratuito da violência. A Defesa requereu a absolvição sumária, sustentando o reconhecimento da excludente de ilicitude referente à legitima defesa putativa. Agora, caberá ao Tribunal do Júri dar absolver ou condenar Mário.