Quinta-Feira, 17 de Abril de 2025, 00h30
RENATO NERY
Justiça revela queima de documentos e mantém prisão de PM e pistoleiro em MT
Chácara em que crime foi planejado teve ação criminosa
DIEGO FREDERICI
Da Redação
A juíza do Núcleo de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça (TJMT), Edna Ederli Coutinho, negou um pedido de revogação e manteve as prisões temporárias do policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e do caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva. Ambos são suspeitos de executar a tiros o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Gomes Nery. A decisão é desta quarta-feira (16).
O processo, que tramita em sigilo, revela novas circunstâncias das investigações que apontam a atuação de um grupo de extermínio formado por policiais militares e também a tentativa de ocultação de provas. Os autos são parte da operação “Office Crime”.
A decisão atendeu a um pedido das autoridades policiais da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP), da Polícia Judiciária Civil (PJC), que apontou que novas informações foram repassadas por uma testemunha importante das investigações. Alex era caseiro de uma chácara arrendada pelo policial militar Heron Teixeira Pena Vieira.
Reuniões ocorriam na propriedade entre a dupla e outras pessoas ainda não identificadas antes da execução de Renato Nery, ocorrida em 5 de julho de 2024. “A testemunha teria declarado, desmentindo Alex, que a moto vermelha apreendida no município de Barão de Melgaço/MT no dia da operação Office Crime, está em seu nome e a adquiriu para o uso de Alex, confirmou que a motocicleta teria sido empregada no crime em tela, relatou, ainda, que Heron e outros homens teriam buscado o veículo após o homicídio, pois precisavam escondê-lo da polícia. A testemunha mencionou, ainda, reuniões frequentes entre Alex, Heron e outros homens na chácara”, diz trecho da decisão.
No dia 11 de julho do ano passado - ou seja, menos de uma semana após a morte do advogado -, Alex teria ganhado um telefone celular de “presente” do policial militar. Dados e arquivos de mídia foram extraídos do aparelho, incluindo fotos relacionadas ao homicídio de outro advogado, Antônio Padilha de Carvalho, executado no ano de 2019 na Capital.
“Ressai dos autos que a degravação do celular de Alex revelou que este teria sido presenteado por Heron com um aparelho celular novo, logo após o crime investigado, aos 11/07/2024. Além disso, revelou conversas em que Alex declarou estar fugindo da polícia, revelou buscas na internet sobre ‘advogado morto em Cuiabá’ e ‘Heron Teixeira indiciado por mortes’, bem como foram encontradas fotos relacionadas a outro homicídio de advogado (Antonio Padilha de Carvalho)”, revelam os autos.
A decisão narra ainda que o proprietário da chácara arrendada pelo policial militar ficou “amedrontado” com o fato de Heron ostentar sua arma de fogo. Ele conta que fez o negócio por saber da periculosidade do PM, que seria envolvido com o tráfico de drogas e grupos de extermínio. “O proprietário da chácara mencionada alhures confirmou que Heron o teria abordado armado e que teria alugado o imóvel por medo após descobrir seu envolvimento com tráfico de drogas e grupo de extermínio”, segundo os autos.
Como praxe na Polícia Militar, há ainda a suspeita de ocultação de provas dos crimes praticados por seus agentes. Entre eles, houve até a prática de queimadas na chácara para destruir indícios dos crimes, segundo as investigações.
“O abandono repentino da chácara e o desaparecimento dos investigados após a divulgação de operação policial, bem como a aludida chácara ter sido alvo de queimadas, a priori, evidenciam a intenção de ocultar eventuais provas, bem como dos investigados se ocultarem a eventual ação penal”, diz a decisão obtida exclusividade pelo FOLHAMAX.
Uma sétima pessoa envolvida na morte do ex-presidente da OAB/MT foi presa na última terça-feira (15) em diligências da operação “Office Crime”. As investigações da morte continuam.
EXECUÇÃO
Além do PM e do caseiro, as forças de segurança também prenderam os policiais militares Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira, Leandro Cardoso e Jorge Rodrigo Martins no início do mês de março de 2025.
As suspeitas sobre os policiais, que fazem parte da Rotam, aumentaram quando exames de balística comprovaram que a pistola Glock, utilizada para matar Renato Nery, foi empregada em 2022 no homicídio de um homem identificado como João Fidelis.
Fidelis foi assassinado no bairro Pedro 90, em Cuiabá, por dois homens que estavam numa motocicleta. Ele respondia por furto. A arma, por sua vez, teria sido falsamente apreendida no dia 12 de julho de 2024 por policiais militares da Rotam. Na ocasião, um confronto entre os PMs e três suspeitos deixou um homem morto e um adolescente de 16 anos ferido. O terceiro membro do bando conseguiu fugir.
A alegada apreensão da arma ocorreu sete dias depois da morte de Renato Nery, em 5 de julho do ano passado. Investigações da PJC, entretanto, apontam que ela teria sido “plantada” no confronto da Rotam para ocultar sua utilização na execução do advogado.
Participaram do suposto confronto da Rotam os PMs Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira, Leandro Cardoso e Jorge Rodrigo Martins.
O grupo também é alvo da operação “Simulacrum”, do ano de 2022, que revelou que policiais militares fariam parte de um grupo de extermínio realizando “emboscadas” com a ajuda de criminosos para executar pessoas com passagem pela polícia. A maioria dos crimes ocorreu na região metropolitana de Cuiabá.
Renato Nery foi assassinado em 5 de julho de 2024 na porta de seu escritório, localizado na Capital. Ele tinha 72 anos de idade. Apesar das suspeitas contra os policiais, as investigações parecem não ter avançado para esclarecer quem mandou matar o ex-presidente da OAB, bem como os seus motivos.
Alex Juliano | 19/04/2025 12:12:57
?Como praxe da PolÃcia Civil, ataca-se uma instituição de 300 anos para fanfarronar a operação?
Alex | 17/04/2025 16:04:24
Aquele trecho que diz que a PolÃcia Militar tem costume de encobrir coisas erradas praticadas por seus agentes, está no Inquérito, no processo ou é a opinião desta mÃdia digital??
Jonas souza | 17/04/2025 14:02:33
Oque quis dizer como praxe na polÃcia militar, Civil mais suja que pó de galinheiro, cadê as drogas que sumiu em caceres dentro da delegacia??? Uma instituição lixo fala da pm que segura o estado na mão contra a bandidagem.... cadê os cmts para rebater isso, associação, deputados militares, deixa esse lixo de civil fala assim...indignação total
Wesley | 17/04/2025 07:07:59
Até acredito que foram eles que mataram o ADV, mais essa história que ?uma testemunha disse?, é a maior conversa fiada da civil pra segurar o cara preso, lá no final do processo irão ver que não existe essa testemunha
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