O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito para investigar supostos danos ao meio ambiente na Terra Indígena Perigara, ocupada pelo Povo Bororo, e localizada em Barão de Melgaço (78 Km de Cuiabá). O produtor rural Claudecy Oliveira Lemes é o suspeito dos crimes ambientais por uso de agrotóxicos letais a plantas, arbustos e árvores em sua propriedade (Fazenda Indiana), vizinha ao território indígena.

O procurador da República Gabriel Infante Magalhães Martins assinou a portaria que oficializou a investigação na última terça-feira (20). A publicação informa que os supostos danos ambientais ocorreram no período de 2021 a 2023, e que o método utilizado para aplicar os agrotóxicos (Tordon e Pique) possui “grande deriva” - capacidade de dispersão além da lavoura.

“Nos relatórios anexos aos autos de infração acima mencionados apontou-se que não poderia ter sido realizada a pulverização aérea no local, diante da grande capacidade de deriva (ou seja, de dispersão descontrolada desses agrotóxicos)”, diz trecho da publicação. Ainda de acordo com a portaria, os agrotóxicos foram dispersados numa “área total de 9.495,00 hectares na Fazenda Indiana, a qual faz divisa com a Terra Indígena Perigara”.

O procurador Gabriel Infante Magalhães Martins expediu um ofício à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para a elaboração de um laudo que irá verificar a extensão dos danos na Terra Índigena Perigara causados pela aplicação dos agrotóxicos. Um eventual processo no Poder Judiciário poderá ser proposto a depender dos indícios encontrados na investigação.

O Povo Bororo que ocupa a Terra Indígena Perigara é um dos que mais vem sofrendo com as queimadas no Pantanal nas últimas semanas. O produtor rural Claudecy Oliveira Lemes, por sua vez, é apontado como o responsável por desmatar mais de 81 mil hectares no bioma utilizando o chamado “Agente Laranja” - um dos agrotóxicos mais perigosos do mundo.