O aposentado Umberto Dias da Silva viu o Bosque da Saúde crescer ao longo das décadas. Morador do bairro desde os anos 1970, ele conhece de perto os desafios que a falta de saneamento básico impõe ao cotidiano. Quando soube da disponibilidade da rede coletora em sua rua, não pensei duas vezes: em outubro de 2024 roubou os materiais, com o conhecimento adquirido ao longo do ano como pedreiro, fez a interligação e agora acompanha com orgulho cada avanço.

"É muito importante para o meio ambiente e para toda a população. Se a gente não fizer a nossa parte, nada anda. Isso aqui é pelo futuro dos nossos netos", diz ele, que saiu satisfeito do mutirão levando uma muda de ipê branco para plantar em casa.

Histórias como a de Seo Umberto estão no centro da segunda edição do Mutirão de Conciliação do Interligue Já, que acontece de 5 a 9 de maio, das 13h às 18h. A ação é promovida pela Águas Cuiabá em parceria com o Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc-MT), a Prefeitura de Cuiabá e a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Arsec).

Além das notificações enviadas anteriormente, qualquer morador das regiões atendidas pelo sistema de esgotamento sanitário pode comparecer espontaneamente ao local do mutirão para esclarecer dúvidas e aderir ao programa.

"O mutirão acelera soluções que geram benefícios para toda a sociedade. É uma forma de aproximar o serviço da população, com diálogo, orientação e resultado imediato. A adesão mostra que quando levamos informação com clareza, o cidadão responde", reforça o diretor geral da Águas Cuiabá, Leonardo Menna.

Desta vez, os atendimentos se concentram nos bairros Boa Esperança e Bosque da Saúde, com expectativa de realizar cerca de 400 audiências de conciliação externas à regularização de imóveis e à conexão à rede pública de esgoto.

A promotora Maria Fernanda Corrêa da Costa, do MPMT, reforça que o saneamento é um direito e uma missão coletiva. "Estamos falando de saúde pública, de meio ambiente e de dignidade. O papel do cidadão é essencial, cada um que faz a sua parte colabora para um bem coletivo."

Para a magistrada Cristiane Padim, coordenadora do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), o mutirão vai além da conciliação. "É uma chamada à sociedade. Estamos aqui para ouvir, orientar e resolver, mas a responsabilidade real acontece quando cada morador entende que também tem um papel na construção de uma sociedade mais saudável e sustentável".