Cidades

Terça-Feira, 25 de Março de 2025, 15h05

Nascido em Mato Grosso relembra chegada dos pais vindos do Líbano, um mês de viagem

ANA CLARA ABALÉM

Gazeta Digital

 

O Brasil é um dos países que mais recebeu imigrantes do Oriente Médio e para celebrar a população de estrangeiros no país, foi estabelecido o 25 de março como o Dia Nacional da Comunidade Árabe.

A “Pesquisa Nacional Exclusiva sobre Árabes no Brasil”, realizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, aponta que cerca de 6% da população, em 2020, era formada por descendentes árabes.

Os dados foram levantados pela H2R Pesquisas Avançadas, com o Ibope Inteligência, e mostram ainda que aproximadamente 11,61 milhões de pessoas que vivem no Brasil fazem parte dessa comunidade.

Walid Khaled Omais, 59, faz parte de uma primeira geração de descendentes libaneses nascidos em Mato Grosso. Os pais de Walid são naturais da região do Vale do Bekaa, que fica a cerca de 30 km a leste de Beirute. Seu pai chegou ao Brasil em 1958 e a mãe, dois anos depois, em 1960. Na época, a travessia era feita por navios, durante cerca de 30 dias, até o desembarque no porto de Santos (SP). Só depois, seus familiares se estabeleceram em Cuiabá.

Alfabetizado em árabe e em português, Walid cresceu em meio à cultura árabe e, especialmente, dentro dos costumes muçulmanos. Ao GD, o descendente conta que, até mesmo antes de seus pais residirem no estado, seus bisavôs já haviam morado um tempo na região, ainda no século XVIII.

Para ele, isso indica uma antiga relação de intercâmbio cultural entre os países e essa memória se faz importante nos dias atuais, não só para os árabes, mas também para outras etnias.

“Essa relação Brasil e países árabes é antiga. E isso vem não só da comunidade árabe, como de outros imigrantes. Vem contra essa onda em alguns países de querer impedir que os imigrantes convivam e tenham essa interação de cultura, que é isso, na verdade, que faz crescer o país. Qualquer país, na verdade, ganha com esse intercâmbio cultural”, pontua Walid.

Mesquita de Cuiabá

Há quase 47 anos, em 16 de julho de 1978, a edição nº 7.972 do Jornal O Estado de Mato Grosso destacou a inauguração da Mesquita de Cuiabá, símbolo religioso e importante para a comunidade islâmica local.

Na manchete é mostrada uma foto da fachada e do interior da construção recém-inaugurada. Em seguida, o texto salienta a importância da inauguração.

“Fato de grande relevância para esta Capital e para a colônia árabe é a inauguração hoje, às onze horas, da Mesquita de Cuiabá (...) Numa entrevista exclusiva a esse jornal o Sheik Ahmad Saleh Mahari, enviado especial da Arábia Saudita para assuntos islâmicos no Brasil, informou que a mesquita de Cuiabá, além de ser a única no Estado de Mato Grosso, é a maior, mais importante e mais moderna de toda a América Latina, sendo o seu estilo arquitetônico idêntico ao das mesquitas construídas no Oriente”, diz trecho da edição.

A publicação, assim como outras feitas pelo periódico, está disponível na hemeroteca digital no acervo da Biblioteca Nacional.

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