Segunda-Feira, 12 de Maio de 2025, 08h32
VIDA BANDIDA
Número de mulheres presas no Estado aumenta 55% em 8 anos
Muitas delas já exercem posição de comando nas facções criminosas
ALINE ALMEIDA
A Gazeta
Por despertarem menor suspeita, por serem alvos fáceis para aliciamento e até por influência de parceiros ou familiares já envolvidos nos crimes. Esses são alguns dos motivos que levam as mulheres a ingressarem no mundo do crime, muitas delas já exercendo posição de comando nas facções criminosas. A realidade do aumento da presença feminina no crime reflete nos números. População carcerária de mulheres cresceu 55,95% nos últimos oito anos em Mato Grosso.
Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), em 2016, 529 mulheres estavam presas no Estado, representando 4,54% do total de encarcerados no sistema prisional (11.642). O ano de 2024 fechou com 825 mulheres presas, 6,01% do sistema prisional (13.735). No mesmo período, a população carcerária masculina cresceu apenas 16%, passando de 11.113 em 2016, para 12.910 em 2024.
Estes números consideram apenas os presos em regime fechado. Professora de Criminologia e Direito Penal pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Vladia Soares afirma que o aumento da presença de mulheres no crime organizado e em posições de liderança das facções não é apenas um reflexo da desigualdade social, mas também da reconfiguração das dinâmicas do próprio crime.
“O crescimento está relacionado a diversos fatores. Um deles é a repressão ao crime liderado por homens. Com a intensificação das ações policiais contra lideranças masculinas, as facções passaram a recrutar mulheres para ocupar posições estratégicas, aproveitando-se da menor suspeita que elas despertam. Também há a vulnerabilidade social. Muitas dessas mulheres vêm de contextos de extrema pobreza, com poucas oportunidades de emprego e educação, tornando-se alvos fáceis para o aliciamento por organizações criminosas. E ainda os laços familiares e afetivos. Algumas mulheres ingressam nas facções por influência de parceiros ou familiares já envolvidos no crime, assumindo funções importantes dentro da estrutura organizacional. Isso mostra que o crime, assim como a sociedade, também se adapta às mudanças e à presença feminina, ainda que dentro de uma estrutura violenta e opressora”, aponta a coordenadora-adjunta do Núcleo de Estudos sobre as Vulnerabilidades (Nevu/UFMT).
Vladia enfatiza que o envolvimento de mulheres com o crime organizado no Brasil começou a ser mais visível nas últimas duas décadas. Antes disso, a participação feminina era, muitas vezes, invisibilizada ou reduzida a papéis secundários, como “mulas” do tráfico ou companheiras de criminosos. No entanto, a partir dos anos 2000, com o encarceramento em massa de homens, muitas mulheres assumiram responsabilidades dentro das facções para manter a estrutura funcionando — inclusive em cargos de liderança.
“A presença crescente de mulheres em posições de liderança dentro de facções criminosas em Mato Grosso evidencia a necessidade urgente de políticas públicas que abordem as causas estruturais da criminalidade, como a desigualdade social, a falta de acesso à educação e a geração de emprego e renda. Além disso, é fundamental desenvolver programas específicos de prevenção e ressocialização voltados para o público feminino, reconhecendo suas particularidades e desafios”, completa.
EXTREMAMENTE FRIAS
Muitas presas se destacam pela frieza. Duas delas, consideradas parte da hierarquia da facção Comando Vermelho, ordenam inclusive mortes, até mesmo de dentro da prisão. Uma das mais conhecidas, presa desde junho de 2017, é Angélica Saraiva de Sá, a “Angeliquinha”, que já soma 260 anos de prisão. Uma das condenações de Angeliquinha, em março deste ano, foi de 99 anos e 11 meses de reclusão, pela comarca de Nova Monte Verde (968 km ao norte), pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e integrar organização criminosa. Ela e outros 14 denunciados responderam por quatro execuções cometidas em agosto de 2022, na Fazenda São João.
Segundo denúncia do Ministério Público, as vítimas chegaram à cidade para trabalhar nas obras de pavimentação asfáltica, no entanto, foram supostamente identificadas pelos denunciados como integrantes da facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e, por isso, tiveram as mortes decretadas. Em abril, Angeliquinha foi um dos alvos da operação Patrono do Crime. As investigações apontaram que ela arquitetou, junto com seu advogado, a gravidez, dentro da Penitenciária Ana Maria do Couto May, para conseguir prisão domiciliar, que acabou não deferida pela Justiça.
Ela teve o bebê na penitenciária. Outro destaque feminino dentro do CV é Nithiely Catarina Day Souza, conhecida como “Princesinha Macabra”, presa desde fevereiro de 2022. Em maio de 2024, ela teve a primeira condenação, de 32 anos e 10 meses de prisão por envolvimento na morte de Gediano Aparecido da Silva, 19, em janeiro de 2022, em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte). Ela gravou a execução de Gediano e determinou a decapitação.
Luz | 12/05/2025 09:09:11
Deixa eu entender, a mulher decide ingressar no mundo do crime, mas a culpa é do homem, o influenciador, que explora a coitadinha. Sério? São mesmo incapazes de assumir qualquer tipo de responsabilidade pelos próprios atos e precisam sempre violentar a imagem masculina, como o grande maldoso opressor. Dá um tempo.
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