A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) manteve a prisão do produtor e empresário Sandro Luís da Silva, que atua em Mato Grosso e também no Estado de Goiás. Ele é acusado de ser o responsável por uma situação insólita - levar a filha de 16 anos a um “cabaré”, deixá-la nua na saída do estabelecimento, descarregar uma pistola nos pés da adolescente para “assustá-la” e ainda ameaçar a garota de estupro.

Os magistrados da Segunda Câmara Criminal seguiram por unanimidade o voto do desembargador Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, relator de um habeas corpus ingressado pela defesa do produtor. A sessão de julgamento ocorreu na manhã desta quarta-feira (24).

No voto, o desembargador disse temer pela vida da adolescente, vítima da possessividade e atração sexual do próprio pai e que “uma tragédia se prenuncia”. “Eu sempre mantive uma posição muito rigorosa quanto a esse tipo de violência, especialmente quando se percebe um ingrediente que pode resultar numa tragédia. Eu penso que o Judiciário não pode ficar esperando uma tragédia que se prenuncia. Esses sentimentos de posse e de atração sexual, que podem desencadear em pessoas que não tem esse equilíbrio”, advertiu Jorge Luiz Tadeu Rodrigues.

O processo contra Sandro Luís da Silva tramita em Paranatinga (378 Km de Cuiabá) e revela crimes graves praticados contra a menor de idade. No dia 3 de dezembro de 2023, o agressor levou a filha a uma boate chamada “Off Night”.

A partir de então, se iniciou a tortura psicológica e física (incluindo sexual) da garota de 16 anos. “Na data de 3/12 [Sandro] convidou sua filha para comemorar o seu aniversário de 16 anos de idade em uma boate chamada Off Night. Após se sentir enciumado, o paciente retirou a filha do ambiente, puxando-a pelos cabelos. Já dentro do veículo, o paciente agrediu a vítima verbalmente, afirmando que ela era um lixo de pessoa, que gostava de ficar com vagabundo, que ela gostaria de virar uma prostituta”, revelou o desembargador.

Segundo o voto do magistrado, o réu deixou a filha pelada. “Na sequência, o paciente rasgou o vestido e a calcinha da vítima, deixando-a desnuda, ocasião em que ordenou que a vítima saísse do automóvel, se dirigisse para frente do veículo, se colocando sob as luzes dos faróis. Nesse momento, o representado sacou de uma arma de fogo e disparou 10 projéteis em direção ao chão, próximo aos pés da vítima, momento em que ordenou que a vítima virasse de costa”, detalhou.

Não contente, Sandro Luís da Silva ainda engatilhou sua pistola apontando para a cabeça da filha. No desfecho do “filme de terror” vivido pela vítima de 16 anos, o produtor ainda disse que iria obrigar a menina a “cheirar pó”, e também que estava de “p... duro”, a ameaçando, dizendo que “queria ser um vagabundo para a estuprar”. Sandro Luís da Silva possui empreendimentos rurais e da construção civil, atuando em cidades de Goiás, como Montividiu e Rio Verde, e também em Mato Grosso, no município de Gaúcha do Norte (580 Km de Cuiabá).

O produtor e empresário, porém, foi preso por outros motivos no dia 13 de março de 2024. Sandro Luís da Silva estava na posse de um fuzil 5.56, uma espingarda cal. 12 semiautomática e uma pistola 9mm com 42 munições.

Não está claro no processo os motivos que fizeram com que o agressor ficasse em liberdade por mais de dois meses após ameaçar a vida de sua filha.