Um vídeo gravado sobre a Ponte Sérgio Motta, - estrutura de 327 metros que liga Cuiabá e Várzea Grande -, alertando sobre uma possível dilatação dos cabos que sustentam o elevado, viralizou nos aplicativos de WhatsApp com um homem dizendo que é “perigoso” e chamando atenção das autoridades responsáveis. Contudo, o engenheiro Zenildo Pinto de Castro Filho, superintendente de obras da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra-MT), afirmou ao FOLHAMAX que não existe nenhum risco de ruptura de cabo e muito menos de queda da ponte.

“Vamos fazer esse vídeo circular, aqui na ponte Sérgio Motta está dilatando a estrutura dos cabos que sustentam a ponte, olha só. Vamos fazer circular para as autoridades ver a questão de manutenção, está dilatando um do outro. Está ficando muito separado, é perigoso, tem que dar manutenção aqui na ponte”, diz o autor da gravação.

O engenheiro da Sinfra, o secretário de Infraestrutura, Marcelo Oliveira, e funcionários da empresa que construiu a ponte fizeram uma visita e inspeção na ponte nesta terça-feira (15) e descartaram a preocupação e alerta feito pelo autor da gravação. De todo modo, já existe um cronograma de manutenção a ser realizada no final deste ano ou no começo de 2023 para uma inspeção total e substituição de alguns componentes externos que ficam expostos à ação do tempo, sofrendo um certo grau de dilatação.

Sobre as imagens registradas no vídeo, de forma simplificada, é possível afirmar, segundo o engenheiro da Sinfra, que é basicamente uma questão estética. Isso porque os cabos de aço que sustentam a ponte estaiada (suspensa por cabos), estão protegidos, sem qualquer risco de rompimento. Inaugurada em março de 2002, a Ponte Sérgio Motta tem 327 metros de comprimento por e uma altura de 52 metros. A largura, na soma das duas pistas, soma 20,7 metros.

Na entrevista, Zenildo explica que a parte visível nas imagens com uma pequena abertura em uma parte do cabo, é algo normal, ocasionado pela dilatação dos materiais usados no revestimento dos cabos de aço. Fatores como temperaturas (altas e baixas) são apontados como responsáveis por essa situação, totalmente comum, tanto que a manutenção da ponte é realizada de 10 em 10 anos.

De forma técnica, o engenheiro explica que os cabos de ação são presos na estrutura da torre até as vigas lá embaixo, sendo protegidos por uma graxa e peças de silicone e alguns tipos borrachas. Essa cobertura ajuda evitar ações do tempo como fuligem e ferrugem, protegendo ainda a estrutura de vandalismo, pois evita o furto de cabos.

“O pessoal da empresa que construiu a ponte já esteve lá olhando, eu também estive lá junto com o secretário e constatamos que não está rompendo nenhum cabo de aço. Não tem nenhum problema estrutural na ponte. Foi apenas a ação do tempo sobre o tubo de polipropileno que nós chamamos de PVC, que reveste as bainhas, os cabos de aço, que dão proteção. Os cabos estão protegidos, fizemos vários tipos de ensaio no local há uns tempos, durante a manutenção e sempre os cabos estiveram intactos. É apenas uma bainha de plástico, uma proteção  para o cabo de aço não ficar solto. Por dentro, os cabos de aço são todos revestidos com óleo, graxa e polipropileno também”, explica o engenheiro ao FOLHAMAX.

“A parte de baixo também é de aço essa estrutura feita para proteger contra vandalismo, alguém que queira mexer com cabos de aço. Mais na parte de cima é polipropileno, uma espécie de plástico que protegem os cabos, é o que chamamos de bainha e rompeu por uma questão de dilatação mesmo, do tempo”, acrescenta o engenheiro.

MANUTENÇÃO

De acordo com o superintendente de obras da Sinfra, a manutenção na Ponte Sérgio Motta é  feita de 10 em 10 anos. A próxima estava prevista para 2023, mas há possibilidade de ser antecipada para o final desse ano.

Nesse caso, conforme explicado pelo engenheiro Zenildo de Castro Filho, é feito um estudo completo de prevenção, com carga dinâmica para inspecionar toda a ponte. Na ação, caminhões pesados com cargas direcionadas vão e voltam enquanto cálculos são feitos para ver a sustentação. “Nunca teve problemas nesse sentido, não tem anda errado, nada afetando os cabos, a ponte não vai cair”, esclarece o profissional.

Ainda de acordo com ele, estão previstas também melhorias na ponte, pois no passado foram furtados cabos de iluminação e farol. “Foi tudo foi depredado na parte de iluminação, está na hora de fazer um reparo geral. Será feito estudo completo por uma empresa especializada para inspecionar toda a ponte”, colocou o engenheiro da Sinfra.