Um grupo de torcedores do Flamengo moveu uma ação contra a Fifa após terem sua viagem ao Mundial de Clubes no Marrocos frustrada por uma mudança inesperada do local do jogo. A decisão da Justiça de São Paulo determinou que a entidade deverá indenizar os torcedores por danos materiais e morais.

De acordo com os autos do processo 1146864-44.2024.8.26.0100, os torcedores haviam adquirido ingressos para a partida e reservado hospedagem na cidade de Rabat, onde, segundo a programação oficial da Fifa, ocorreria a final e a disputa pelo terceiro lugar do torneio. Entretanto, dois dias antes da partida, a Fifa alterou o local do jogo para Tânger, cidade que fica a cerca de 2h30 de Rabat, sem comunicar os torcedores.

Justiça reconhece falha da Fifa

Na sentença, o juiz Fernando Antonio Tasso destacou que houve falha na prestação de serviço, uma vez que a Fifa não informou previamente os consumidores sobre a alteração do local da partida. Segundo o magistrado, a situação gerou frustração de uma expectativa legítima dos torcedores, que organizaram toda a viagem — incluindo hospedagem e deslocamento — para Rabat.

A decisão reconhece que a mudança inesperada inviabilizou a presença dos torcedores no jogo, que também tinha como significado a comemoração do aniversário de um dos autores, o que deu ainda mais peso ao dano emocional sofrido.

Indenização definida

Pela sentença, a Fifa foi condenada a pagar:

R$ 305,22 por danos materiais, valor referente à hospedagem perdida em Rabat;

R$ 28.000,00 por danos morais, sendo R$ 12 mil para Rafael e R$ 8 mil para cada uma das outras duas autoras, Flávia e Constanza.

O juiz também rejeitou os argumentos da defesa, que tentou atribuir a mudança do local ao governo do Marrocos, classificando essa justificativa como fortuito interno, ou seja, risco inerente à atividade da própria Fifa como organizadora do evento.

O que diz a sentença

O juiz ressaltou que a frustração ultrapassou o mero aborrecimento, já que a experiência de acompanhar o Mundial de Clubes é única na vida de muitos torcedores e envolve alto investimento financeiro e emocional.

Além disso, não foi apresentado nenhum documento pela Fifa comprovando que os torcedores foram informados da mudança ou que houve oferta de transporte ou solução alternativa viável.

O processo segue em São Paulo e cabe recurso.