A juíza da 1ª Vara de Falências de Cuiabá, Anglizey Solivan de Oliveira, autorizou o processamento da recuperação judicial da Soami Agroindustrial, empresa que atua no mercado de mercado de compra e exportação de commodities. A organização acumula dívidas de R$ 229,1 milhões.

Em seu pedido ao Judiciário, a Soami explicou que a crise tem origem na forte instabilidade no mercado de grãos atualmente informando que possui créditos em quatro recuperações. Também é citado os "problemas logísticos nos portos que fecharam por excesso de chuva, encarecendo o preço do frete e tornando o negócio deficitário, acarretando em grande prejuízo financeiro que culminou com o pleito pela proteção judicial para renegociar o passivo".

A recuperação judicial foi realizada pela RJV Advogados de Cuiabá, dos sócios Julierme Romero e Rubem Vandoni, banca especializada em demandas de recuperação judicial no setor agrícola. O advogado advogado Daniel Brajal foi nomeado administrador judicial.

Ao FOLHAMAX, o advogado Rubem Vandoni, sócio da RJV, destacou que a recuperação demonstra que a cadeia produtiva está em crise, não se abatendo somente aos agricultores. Segundo ele, "o momento atípico e extremo recomenda equilíbrio, união de esforços e diálogo entre devedores e credores, pois a crise está instalada e não se pode negar o óbvio e fechar os olhos para a realidade".

Já o advogado Julierme Romero, também sócio da banca, destacou que o Judiciário está sensível a crise e entendeu que o momento atual não tem paralelo com outras crises do agro, pela extensão e intensidade. Para eles, uma união de fatores que vai da quebra da safra por questões climáticas, da queda do preço da saca de soja, deficiências de logística dos portos e estradas que encarem o frete, a alta no preço do plantio e uma super safra em outros mercados (responsável pela queda do preço dos grãos), concatenados, tornaram o momento de grande instabilidade para esse importante setor da nossa economia.

A Soami Agroindustrial iniciou suas atividades em 2021 e possui filiais nos estados de São Paulo, Paraná e Goiás. A organização teve um faturamento de quase R$ 1 bilhão em 2023.

Com a decisão que autorizou o processamento, o Grupo Soami deve apresentar seu plano de recuperação judicial em até 60 dias. A proposta deve ser aceita pelos credores, do contrário, uma assembleia é convocada para discutir a estratégia da organização de pagamento das dívidas (prazos e eventuais deságios).