No fim da audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9), o advogado do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e réu na ação que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022, fez um pedido inusitado ao ministro Alexandre de Moraes: adiar o horário da sessão de terça-feira para mais tarde, mencionando cansaço, deslocamento e a falta de jantar.

Esta segunda foi o primeiro dia de ouvir os réus no julgamento. Falaram o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o deputado e delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem. Augusto Heleno deverá ser ouvido nesta terça (10).

A ação penal julga oito acusados de integrar o chamado “núcleo duro” da suposta articulação golpista que visava impedir a posse de Lula após a vitória nas eleições de 2022.

“O motivo da minha intervenção é bem pontual, Excelência", disse o advogado Matheus Milanez."São 20h, a audiência amanhã é às 9h, e nós viemos em um carro só. Ainda preciso levar o general para casa, e eu mesmo preciso ir para a minha. Eu minimamente quero jantar... Excelência, eu só tomei café da manhã hoje, quase nada mais”, disse o advogado, arrancando risos no plenário.

Moraes respondeu de forma bem-humorada:

“Imagine eu.”

O advogado, então, reforçou o pedido:

“Eu imagino, Excelência, por isso estou falando. Eu ia pedir a gentileza de rogar a essa turma... Se há como colocar um pouco mais tarde amanhã.”

Moraes rebateu com ironia:

“9h02”, disse o ministro, causando risos entre os presentes no plenário.

Diante da resistência do ministro, o defensor arriscou:

“Possível 10h, Excelência?”

Moraes concluiu, sorrindo:

“Vamos ver se terminamos amanhã. O senhor ainda tem quarta-feira para tomar um belo brunch, quinta é o jantar do Dia dos Namorados, e sexta é dia de Santo Antônio — quem sabe o senhor comemora também numa quermesse?”

“Se a gente começa a atrasar, a gente não acaba”, completou Moraes.

A sessão ficou marcada mesmo para as 9h.