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Quinta-Feira, 15 de Maio de 2025, 17h00

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Casal morre no mesmo dia após 74 anos de união

G1

 

Um casal morreu no mesmo dia após sete décadas de união, em Votuporanga, no interior de São Paulo. Odileta Pansani de Haro e Paschoal de Haro partiram com dez horas de diferença, no dia 17 de abril, dois dias depois de completar 74 anos de matrimônio.

Odileta nasceu em Mirassol, enquanto Paschoal era de Bálsamo, cidade vizinha a cerca de 14 quilômetros de distância. Mas, a história de amor, que atravessou décadas, começou na praça da Matriz em Votuporanga, quando ela tinha 15 anos e ele, 18, como conta o genro Luciano Leal.

Ainda conforme Luciano, o que eles não esperavam é que uma correntinha seria o cupido do relacionamento.

Na época, Paschoal se entretinha rodando a corrente, quando, por um descuido, ela se desprendeu e caiu no braço de Odileta. Com a troca de olhares e risadas, nasceu a paixão do casal. Desde então, conversas por cartas tornaram-se testemunhas do namoro.

Na primeira carta, datada de 3 de dezembro de 1947, Paschoal escreveu: “Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também. Acredito que jamais pensarei em outra mulher. Mesmo que viva mil anos me lembrarei de ti e dos momentos felizes que passei ao teu lado.”

Em outra, datada de 12 de julho de 1949, Odileta escreveu para Paschoal e o chamou de "meu anjo": “No domingo saí, eram sete horas, e voltei às oito. E quinta, estava tão chato sem você. De você não me esqueci e nem hei de esquecer".

'Almas gêmeas'

 

O casamento ocorreu na fazenda dos pais de Odileta, em Votuporanga, no dia 15 de abril de 1951, dia em que Paschoal completou 20 anos. Da união, nasceu um legado de seis filhos, netos e bisnetos. Depois da troca de alianças, Odileta cuidava da família e Paschoal trabalhava em uma loja de tecidos.

Além disso, juntos, se uniram na criação de uma entidade que ajudava pessoas em situação de vulnerabilidade de Votuporanga, entregando enxovais às mães solteiras ou comida aos carentes. Conforme o genro, o amor era tamanho que extrapolava as barreiras.

"O casal sempre receptivo, sempre amoroso, sempre disposto a ajudar o próximo, seja lá quem for, sem distinção alguma de raça, cura o privilégio social. Sempre primaram pelo amor próprio e pelo amor de ambos. E dedicaram esse amor, que ambos tinham um pelo outro, a ajudar o próximo", reflete o genro.

Ao g1, o genro compartilhou as memórias que entrelaçaram as vidas do casal. Para ele, Odileta e Paschoal são a prova de que almas gêmeas existem.

"Primeiramente, acredito muito que Paschoal e Odileta eram almas gêmeas, se reencontraram nessa vida, através de um passeio, ao qual todos faziam aquela época, e se apaixonaram, se reaproximaram, se refizeram. É uma honra enorme tê-los como membros da família, participar dessa família", comenta Luciano.

A coincidência das datas não acaba por aqui. Além do aniversário de casamento, o dia 15 de abril nunca mais foi o mesmo depois do nascimento da primeira neta, Camila, e da primeira bisneta, Athena, neste dia.

Depois de uma vida juntos, celebrando aniversários, viagens e encontros, Odileta desenvolveu Alzheimer e passou a ser cuidada pelo marido. Contudo, ele descobriu um câncer no intestino, em 2023. O tratamento, conforme os médicos, seria paliativo. Diante disso, o genro revelou que Paschoal pedia a Deus para que os levassem no mesmo dia.

Odileta morreu aos 92 anos, às 7h do dia 17 de abril. Paschoal morreu aos 94 anos, às 17h do mesmo dia. Ambos em casa, no mesmo quarto.

No dia 15, dois dias antes de partirem, celebraram com a família os 74 anos de casados, entre afetos, assim como fizeram desde o primeiro dia em que se conheceram.

"Essa paixão digna de um filme, ao qual sempre falavam que partiriam juntos e assim o fizeram, assim cumpriram. Vieram, se viram e venceram essa grande paixão que sempre um teve pelo outro e deixaram essa família linda. Ficou o legado deles para toda a eternidade", se emociona o genro.

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