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Domingo, 04 de Maio de 2025, 10h00

ROMBO NO INSS

Escândalo derrubou ministro e presidente, mas crise persiste

METRÓPOLES

 

As consequências do escândalo bilionário envolvendo fraudes em descontos não autorizados em contracheques de aposentados e pensionistas derrubaram dois dos principais nomes da Previdência Social no governo: o então ministro Carlos Lupi (PDT) e o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A troca de nomes no alto escalão busca conter o desgaste político, mas a crise está longe de ser superada.

O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.

As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

Segundo estimativas do governo, cerca de 4 milhões de pessoas foram afetadas, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Um levantamento preliminar do próprio INSS indicou que 97,6% das pessoas com contratos ativos com as entidades investigadas afirmaram não ter autorizado os descontos.

Troca de nomes no alto escalão

A reação do governo à operação da PF foi imediata. No mesmo dia em que a corporação cumpriu mais de 200 mandados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a demissão de Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS, indicado por Carlos Lupi.

A saída de Stefanutto, porém, não encerrou a pressão sobre o ministro da Previdência. Lupi foi alertado ainda em 2023 sobre as irregularidades, mas não tomou providências. Além disso, resistiu à demissão de Stefanutto mesmo após a operação, o que incomodou o Palácio do Planalto.

A permanência do ministro se tornou insustentável. Carlos Lupi pediu demissão nessa sexta-feira (2/5) após reunião com Lula, que aceitou o pedido. Em pronunciamento nas redes sociais, Lupi disse que não foi citado nas investigações e destacou que a decisão foi tomada para preservar o governo e permitir que a apuração continue.

“Espero que as investigações sigam seu curso natural e punam, com rigor, os responsáveis por prejudicar o povo trabalhador”, afirmou.

Minimização de impactos entre governo Lula e PDT

Além do afastar Lupi e Stefanutto, o governo buscou minimizar o impacto político, mantendo o comando da Previdência nas mãos do PDT. O novo ministro será o ex-deputado Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta e nome de confiança de Lupi.

A escolha é vista como tentativa de conter uma possível ruptura do partido com a base aliada. Nos bastidores, dirigentes do PDT vinham alertando que, caso a legenda perdesse o ministério, poderia deixar a coalizão governista.

Para o lugar de Stefanutto no INSS, Lula nomeou Gilberto Waller Júnior, procurador federal de carreira, com longa trajetória na administração pública. Ele já atuou como corregedor na Controladoria-Geral da União (CGU) e tem passagem pelo próprio INSS. Waller chega com a missão de reconstruir a confiança no órgão e coordenar o plano de ressarcimento às vítimas da fraude.

Ressarcimento às vítimas

Em seu primeiro dia útil no cargo, Waller se reuniu com o advogado-geral da União, Jorge Messias, e técnicos da Dataprev para discutir os caminhos para devolver os valores descontados indevidamente. Ainda não há uma data definida, mas o governo assegura que os aposentados serão informados por canais oficiais quando o processo estiver pronto.

Comentários (2)

  • alexandre |  04/05/2025 10:10:12

    O governo indicou,outro conselheiro que sabia das fraudes e nada fez

  • Carlos Nunes |  04/05/2025 10:10:07

    Pois é, essa novela vai longe... Advogados, especialistas em Previdência, sugerem aos milhões de Aposentados, que foram tapeados, e tiveram descontos na Aposentadoria, sem autorização e muitos sem saber, entrem na Justiça, pedindo restituição EM DOBRO, e Indenização por DANOS MORAIS. Tapear os velhinhos e velhinhas da Nação dá DANOS MORAIS. É o cúmulo do absurdo saber que o INSS, que faz a Folha de Pagamento de todos os Aposentados do país, permitiu isso. A Folha de São Paulo fez matéria: Desconto dos Aposentados disparou depois de 2022. Ficou no montante de BILHÕES DE REAIS. Esses BILHÕES DE REAIS tem que ser devolvidos pros Aposentados EM DOBRO MAIS OS BILHÕES da Indenização por DANOS MORAIS. Os próprios Advogados podem sugerir um Plano de Ação pra que isso concretize. Provavelmente numa Ação Coletiva Nacional ou Regional. Com a palavra os nobres Advogados. Os Aposentados aguardam uma iniciativa dessa URGENTEMENTE. Caberia também à Defensoria Pública da União tratar disso.

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