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Sábado, 13 de Abril de 2024, 02h00

PRESTÍGIO

Moraes é aprovado com notas 9,5 e 10 em concurso para professor na USP

Houve uma maciça presença de professores durante a apresentação

FOLHA DE S. PAULO

 

Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), foi aprovado nesta sexta-feira (12) para o cargo de professor titular da USP em um concurso que só teve uma novidade relevante para ele. Não era a faculdade, que Moraes ainda frequenta semanalmente como professor de direito constitucional. Tampouco a disposição do ambiente. Com examinadores alinhados e alguém sentado alguns degraus abaixo, de costas para a plateia, a disposição lembrava a do plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde Moraes também é ministro.

A diferença foi a posição que Moraes ocupou no espaço. Era ele quem estava de costas para a plateia, e seus examinadores um nível acima. Sua tese no concurso para professor titular de direito eleitoral na Faculdade de Direito ganhou quatro notas 9,5 e uma 10, além de cinco notas 10 por seu memorial.

A maciça presença de professores da faculdade foi uma demonstração de apoio, e houve breves momentos de reverência, mas os examinadores não demonstraram temor ao avaliar aquele talvez seja o julgador mais temido do Brasil. Na faculdade de direito do Largo São Francisco, não se ouviu a palavra Xandão.

Moraes estava ali como professor, e não como o ministro do STF odiado por bolsonaristas e aclamado pelos que veem seu papel decisivo na manutenção da democracia no país. Havia polícia fora e segurança dentro, mas não era ostensiva. Não houve vaias, e aplausos só aconteceram ao fim das mais de seis horas de arguição.

Logo antes da entrada de Moraes no salão nobre da São Francisco, onde acontecia o concurso, o presidente da banca, Flávio Yarshell, deu um aviso: estava sob exame ali a obra acadêmica de um candidato a professor titular, e nada mais.

Em alguns momentos, essa fronteira foi cruzada. Ao menos três dos cinco examinadores falaram da honra de estar ali. A professora de ciência política da USP Marta Arretche, por exemplo, mencionou a atuação de Moraes como crucial para a manutenção da democracia.

O próprio Yarshell mencionou que, em alguns momentos, quando questionava a proporcionalidade de alguma ação do STF, ponderava a si mesmo não saber exatamente de quais informações os ministros dispunham. Isso não o impediu de fazer questionamentos sobre a tese apresentada por Moraes e indagá-lo sobre a sua dupla posição ali: um ministro da corte eleitoral que apresentava uma tese sobre a sua área de atuação.

A tese de Moraes, apresentada como requisito parcial para a participação no concurso, tem como título "Direito eleitoral e o novo populismo digital extremista: liberdade de escolha do eleitor e a promoção da democracia".

O trabalho trata da legislação sobre "combate à desinformação, notícias fraudulentas, discursos de ódio e antidemocráticos", liberdade de escolha e expressão e atuação da Justiça Eleitoral e defende uma regulamentação das empresas de tecnologia.

"Todos nós sabemos que, ao escrever uma tese, a regra é escrever sobre um tema com o qual a gente guarda proximidade", disse Yarshell. "eu tenho dúvida, e vou fazer uma provocação respeitosa, se Vossa Excelência não foi um pouco além disso."

Em seguida, o professor, do departamento de direito processual da faculdade, lembrou que, assim como conhece bem o tema, Moraes é um dos protagonistas do objeto da tese e que por vezes adota um tom que definiu como quase inflamado. Yarshell lembrou ainda os ataques aos integrantes do STF e a seus familiares. "Lembrando aqui que estamos falando de ataques pessoais, a entes queridos, então talvez seja difícil manter uma distância."

Moraes brincou que não foi ele quem marcou a data do concurso e disse que tenta separar os dois papéis sempre que possível, embora fosse situação semelhante à do professor que atua como advogado, por exemplo. "Por mais que a gente tente tirar um chapéu e colocar outro, não é possível desvencilhar totalmente", disse.

O ministro também respondeu a outros questionamentos mais técnicos. Arretche e a professora da UERJ quiseram saber, de formas diferentes, se remoção de conteúdos não ajudaria a alimentar a popularidade dos que foram alvo da medida. Ele reconheceu que possivelmente sim, mas que, no caso do direito eleitoral, a medida é efetiva, uma vez que podem culminar no que populistas mais temem: a impossibilidade de chegar ao poder.

Comentários (4)

  • SEBASTIAO |  13/04/2024 08:08:57

    QUEM REPROVAR VAI PRESO!!!!!!!! VIVA LAH DEMOCRACIA BOLIVARIANA!!!!!!!!!

  • Cada coisa  |  13/04/2024 08:08:32

    E ousem reprovar ou dar nota baixa ao ser supremo.todos com o cool na mão.

  • Carlos Nunes  |  13/04/2024 06:06:54

    Pois é, o maior erro da história jurídica do país já foi cometido. Golpe? Que Golpe? Não houve nenhum. Quem disse isso? Sobre a tal da Minuta, quem disse foi um dos maiores Juristas do Brasil, IVES GANDRA MARTINS, 89 anos...tá registrado no vídeo no YouTube, intitulado: Dr. Ives Gandra comenta sobre a Minuta. Assistam. Dr. Ives que ajudou a escrever a Constituição de 88, ressalta que Golpe É FICÇÃO, igual filme de Steven Spielberg. Sobre dia 8 de janeiro, tio MÚCIO, Ministro da Defesa, em 2 entrevistas, afirmou que no dia 8, só houve PURO VANDALISMO por parte de alguns...isso a individualização dos supostos crimes MAIS as lmagens comprovariam. Cadê as Imagens? Segundo ele, não houve Golpe pela ausência de líderes no dia, pela inexistência de armas, nenhum Poder foi tomado. Todos os manifestantes são pessoas comuns, não tem Foro Privilegiado...Processos deviam ter começado na Primeira Instância da justiça Federal. Supremo é Corte Constitucional...não é Vara Criminal. Só na Primeira Instância da justiça Federal a Ampla Defesa, baseada na Presunção da Inocência, pode ser concretizada. No Supremo, dada a sentença, não tem onde mais recorrer. A professora IRACI HIROSHI, 71 anos, vai receber pena de 14 anos. 71 + 14 = 85. Vai recorrer pra quem? Ou vai morrer na prisão ou vai sair dela bem velhinha. Cadê as Imagens mostrando o que essa professora fez? Nem os Advogados viram. Sumir com Imagens, apagar Imagens, tornar as Imagens tão sigilosas...é estranho pra burro. Se contar isso pro tio MUSK, ele vai achar estranho pra burro. Precisou um gringo achar estranho...pra revelar que é estranho.

  • Junior Bravo |  13/04/2024 06:06:46

    Meu sonho é ser aluno dele, na academia poderia perguntar e expressar opiniões sem o risco de ser preso.

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