Opinião

Sábado, 12 de Setembro de 2020, 10h38

Max Campos

A verdadeira realidade do servidor do Executivo

Max Campos

 

Já ouvi inúmeras vezes diversas pessoas dizendo que servidor público tem o melhor emprego do mundo, pois trabalha pouco, faz o que quer e quando quer, possui regalias, ganha bem e ainda não precisa se preocupar em perder o emprego.

Pois bem, a realidade é muito diferente das histórias contadas aos quatro ventos, principalmente em grupos de redes sociais, como o WhatsApp onde uma mentira contada mil vezes pode acabar se tornando verdade.

Para ser servidor público é indispensável a aprovação em concurso público, e sabe quanto isso custa? Desde a educação básica de seu filho aos cursinhos preparatórios? Além de investimento muita dedicação. Ultimamente pode ser comparado à passagem bíblica que diz que “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que entrar um rico no reino dos céus”.

Inicialmente, a vida de um servidor em qualquer carreira pública não é nada fácil, principalmente se esse indivíduo for concursado no Poder Executivo. 

Digo isso, por experiência de causa e vivência diária por quase duas décadas. 

Após sua aprovação e o treinamento inicial (pré-treino), e seu remanejamento a um determinado setor, ocorre que a partir daí, é cada um por si e Deus por todos. Raramente  acontece algum treinamento, nenhuma reciclagem, nenhuma apresentação de novos trabalhos a serem desenvolvidos, nenhuma informação específica, quem dirá uma cadeira confortável, com telefone à disposição, computador com acesso irrestrito à internet, água gelada, cafezinho, banheiro limpo e funcionando que não seja BANCADO do bolso pelos próprios servidores.

Aquela história que servidor não faz nada é lorota. Somos avaliados anualmente, passamos pelo período de estágio probatório e, para tanto, temos que estudar para realizar algumas funções, pois o serviço público tem como princípio basilar do direito administrativo a supremacia do interesse público e como consequência a sua indisponibilidade, ou seja, temos como intuito trabalhar em função da coletividade, não tendo a prerrogativa de dispor livremente do interesse público, pois o servidor público ou administrador público não representa seus próprios interesses quando atua, ele age em conformidade com os limites impostos pela lei.

Além das constantes avaliações, somos submetidos a condições precárias para realizar as ações que nos são impostas. Vou detalhar a expressão “condições precárias” para que não fique nenhuma dúvida.

Estamos em época de seca, com clima comparado ao de deserto. A umidade do ar abaixo dos padrões aconselháveis para o organismo de qualquer ser humano, sendo comprovadamente necessária a ingestão de mais água e consequentemente o uso contínuo de banheiros. A limpeza a compra de materiais da água ao café sai em sua maioria do bolso dos servidores lotados na respectiva unidade.

É humanamente inviável passar alguns minutos sem beber água, quem dirá um período de oito horas ou mais. A falta de água é constante, tanto para beber quanto para simplesmente lavar as mãos. Por aí é possível se imaginar muito mais, considerando também a falta de materiais de higiene, principalmente em tempos de pandemia pelo coronavírus, há falta desde desde papel higiênico e papel toalha em qualquer um dos banheiros existentes nas unidades locais das secretarias, autarquias e fundações espalhadas pelos quatro cantos do nosso imenso Estado. E não pensem que na capital as condições sejam assim tão diferentemente.

Se algum servidor vem feliz para o trabalho, o faz por outros motivos, não pelo que encontra a sua volta, pela realidade estrutural ou ainda pela retirada de competências e prerrogativas inerentes ao seu cargo quando este prestou seu concurso e claramente havia um edital.

A revolta e a insatisfação dos servidores com a atual situação entre o governo estadual e as categorias do funcionalismo público alcançam índices absurdos. Porque de aproximadamente 33 categorias de servidores estaduais representados pelos seus sindicatos, todas foram duramente atingidos pelas ações nefastas do governo desde o não pagamento da RGA desde 2018, à aprovação da Reforma previdenciária sem regras de transição justas aos servidores e ao aumento da alíquota previdenciária para 14% incluindo aí os aposentados os quais estão em sérios apuros financeiros pois até para remédios falta ao fim do mês. 

Não é de hoje que os agentes públicos sofrem com o descaso, com a falta de respeito, com a terceirização camuflada pelo que se chama de contratação de contratados e disponibilizados por prefeituras e apadrinhados políticos para gerir as unidades do serviço público em detrimento dos servidores de carreira espalhados por todo o Estado.

Além de tantos fracassos escancarados no atual cenário político também sendo prejudicada pela gestão governamental passada que surrupiou os cofres públicos numa verdadeira organização criminosa comandado por ex-governadores. O atual governo não pode e nem deve se eximir das atuais responsabilidades.

O acesso a cursos de treinamento, aperfeiçoamento, capacitação para todas as categorias que fazem as engrenagens da máquina pública funcionar não está equalizada. Encontra-se restrito e isso é preciso ser revisto imediatamente.

Além desses problemas que enfrentamos todos os dias, muitos outros ocorrem a cada segundo em cada uma dos mais diferentes segmentos de categorias de servidores neste Estado de proporção continental, de professores a policiais militares. Se alguém ainda tem alguma dúvida sobre a “a vida boa e mansa” que um servidor público leva, venha fazer parte desta rotina!

Os servidores do Executivo que têm os menores vencimentos se comparado com os de outros Poderes, como do Legislativo e do Judiciário, têm se tornado alvo frequente de ataques tanto mediático quanto em seus direitos. Somos colocados na vala comum mas não procuram saber que SOMOS ASSALARIADOS. 

Fico por aqui meu desabafo em detrimento do que venho ouvindo especificamente sobre os servidores públicos estaduais do executivo e convido a essas pessoas e sociedade em geral para que tomem conhecimento de nossos valorosos serviços prestados ao Estado e sobre o verdadeiro papel que o servidor público concursado civil ou militar representam!

Importante frisar que temos em nosso estatuto e órgãos de controle fiscalização intensiva para correlacionar maus servidores que tal qual na iniciativa privada existem e isso acontece e quem acompanha o diário oficial do estado vê resultado. Apesar de termos uma força descomunal , necessitamos de pessoas capacitadas à frente para guiar todos os trâmites que cada caso requer.

Novamente, meus sinceros parabéns a todos servidores, principalmente os sindicalizados que se uniram em prol de um bem comum! Precisamos promover a integração através da renovação.

Max Campos é servidor público estadual do Indea, Secretario Sindical da Executiva Estadual do PSB e pré-candidato a vereador por Cuiabá.

 

Comentários (3)

  • Dos Santos |  13/09/2020 09:09:22

    Quanto inveja hein Pacufrito, você deve ser mais um desses cidadãos frustados que não tiveram capacidade de ser aprovado em um concurso publico e vem destilar o seu veneno contra a classe dos servidores publico. Ninguém tem culpa se você é da iniciativa privada e esta trabalhando dentro da empresa e o servidor publico esta trabalhando Home-office, tudo é trabalho meu camarada. Imagine quantos trabalhadores da iniciativa privada foram contaminados e até morreram com Coronavirus, garanto que não foram poucos. A estabilidade do servido publico, além de ser um mecanismo de defesa contra influências politicas, foi um direito historicamente adquirido com muita luta, muita batalha. A questão não se trata de fazer comparações se um trabalhador de um setor publico ou do privado tem mais benefícios que o outro. O artigo vem mostrar que a vida do servidor publico, principalmente do executivo, não é esse "mar de Rosa" que todos pensam. O Servidor não tem FGTS, não tem direito a seguro desemprego, vale-transporte e muito menos almoço, tudo sai do seu bolso e você vem falra em regalias. Você tem que transforma a sua raiva, inveja e ódio ao servidor publico em cobranças aos parlamentares do poder legislativo, a desembargadores do poder judiciário e conselheiros de tribunais de contas e secretários do alto escalão que ganham, além do salários altissimos, verbas indenizatórias extratosfericas para retribuir muito abaixo do que ganham ou muitas vezes não fazerem nada e o pior, mesmo com todas regalias, alguns ainda são corruptos.

  • Pacufrito |  12/09/2020 14:02:05

    Este senhor só pode ser um dos que mama nas tetas do dinheiro público, não tem nada que possa defender a soberba que estes funcionários públicos tem, não é porque é concursado que eles pode fazer o que querem, e humilham as pessoas que precisa do serviço público, e sei bem o que é isto, basta ver o que estamos vivendo agora, enquanto 90% da população da iniciativa privada esta na batalha todos os dias, estes imorais dos servidores públicos estão em casa e estão se lixando se a sociedade precisa dos serviços públicos, a seis meses para conseguir algum serviço publico e uma via-sacra. UMA VERGONHA. quero perguntar estes senhor, qual a diferença de um servidor público e um trabalhador da iniciativa privada????? nenhum, o da iniciativa privada produz mais, e ganha menos na mesma função, o trabalhador da iniciativa privada não tem estabilidade, porque servidor púbico tem? o trabalhador da iniciativa privada não te quinquênio, não 60 dias de férias, porque é que o servidor tem que ter estas regalias, FUNCIONÃRIO PÚBLICO NÃO TEM NADA DE SERVIDOR, DEVERIA SE CHAMAR SUGADOR.

  • Servidor público concursado  |  12/09/2020 12:12:32

    O governo Mauro Mendes reduziu o serviço público a pó. E colocou os APANIGUADOS a frentes das instituições para sucatear de vez

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