Opinião

Quarta-Feira, 21 de Janeiro de 2015, 16h08

Amado Oliveira

Aumento dos preços da gasolina e do diesel

Amado Oliveira

 

Nem bem se acomodou na cadeira ministerial o Ministro da Fazenda Joaquim Levy já anunciou aumento dos preços da gasolina e do óleo diesel. Se avaliarmos sob a ótica da qualidade e disponibilidade da logística brasileira, se trata de um aumento muito elevado para ser suportado pelas atividades produtivas.

Segundo o Governo Federal serão acrescidos R$ 0,22 ao preço da gasolina e R$ 0,15 ao preço do diesel. É necessário atentar para consequências de aumentos de preços em centavos de real. Mas apenas para ilustrar, no caso do aumento do diesel, a agricultura de Mato Grosso, sofrerá redução de sua renda liquida, na etapa de produção, em mais de R$ 110 milhões. (Cento e dez milhões de reais!)

Se esta análise for aprofundada utilizando-se a ferramenta de “matriz insumo produto” da atividade, certamente, que este valor ultrapassará os R$ 200 milhões. E toda a agropecuária brasileira? E para a população em geral? E para o transporte coletivo? E para todos os setores da economia brasileira?

A decisão de aumentar os preços da gasolina e o diesel, se deu buscando aumentar a receita pública através do PIS, COFINS e a CIDE em R$ 12.180.000,00 (Doze bilhões, cento e oitenta milhões de Reais!). Esta montanha de dinheiro não é o impacto total sobre a economia brasileira. Afinal o preço final ao consumidor dependerá de decisão dos empresários donos dos postos, mais as consequências de aumentar os custos de produção em toda a economia.

Historicamente o aumento dos preços de combustíveis derivados de petróleo, se dava e, a população entendia, em função do aumento do preço internacional do barril de petróleo. Não é o caso! O Brasil aumentou sua produção de petróleo e o preço no mercado internacional está em queda livre. E bota livre nisso.

Em junho do ano passado o barril de petróleo era comercializado em aproximadamente US$ 115 (Cento e quinze dólares), neste mês de janeiro o barril está sendo negociado abaixo dos US$ 50 (Cinquenta dólares). Causa desta queda extraordinária de preço: aumento mundial de produção.

Sob esta premissa o preço dos combustíveis derivados de petróleo deveria sofrer uma extraordinária redução de preços em todo o Brasil e, mesmo assim, a PETROBRAS estaria preservando seus ativos e aumentando em muito sua rentabilidade. NÃO vou tratar do caso de polícia que atinge severamente a saúde econômico-financeira dessa grande empresa.

Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a PETROBRAS tem faturado alto, vez que, no caso do preço da gasolina, já está em torno de 70% acima do preço de referência internacional desse combustível. Isto mesmo, nossa gasolina está valorizando mais que ouro!

Não precisa de queimar muito tutano para saber das graves consequências para toda a sociedade. Em Mato Grosso, quanto mais distante forem os municípios, mais afetado serão com esta medida. Tudo que neles chegam é sobre carrocerias de caminhões. Quer sejam insumos para produzir, quer seja comida não produzida no Estado.

A lista é grande de produtos que vão à sua mesa que não são produzidas em Mato Grosso. Também é grande a lista de causas que nos impõe esta realidade. Passa pelas questões climáticas, localização espacial do território matogrossense e, ainda, aptidão de solo e de produtores com perfis desta atividade.

Assim, de imediato, veremos um severo debate sobre preços de passagens de ônibus, preços de alimentos, aumento do custo de produção e, o pior de todos os cenários, a redução de investimento privado num Estado que se localiza distante de grandes mercados consumidores e, de portos para alcançar mercados internacionais.

Desta forma nunca é demais reforçar a idéia de que todo o setor público em todos os níveis de governos e todos os poderes, têm que dar sua contribuição reduzindo custos e, aplicando bem o dinheiro público, pois a capacidade contributiva do povo brasileiro está e x a u r i d a.

Esta exaustão pode levar a outra que é a paciência dos cidadãos e então, vermos exaurida a manutenção do tecido social brasileiro.

Amado de Oliveira Filho é economista, especialista em mercados de commoditieis agropecuárias e, Direito ambiental e desenvolvimento sustentável.

 

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