Quarta-Feira, 11 de Fevereiro de 2015, 08h42
Onofre Ribeiro
Dante e seu tempo
Onofre Ribeiro
No último dia 6 o ex-governador Dante de Oliveira completaria 63 anos. Morreu em 6 de julho de 2006. Tinha governado Mato Grosso entre 1995 e 2002, sendo reeleito em 1998. Coube-lhe um papel difícil naquele momento. O governo do estado estava muito endividado e o que arrecadava sequer pagava a folha de salários. A relação era de 3 reais de despesas para casa 1 real arrecadado de impostos. Havia uma clara deterioração das contas públicas motivadas por uma série de razões, entre elas a inflação histórica, a baixa economia estadual e a população muito pequena. Era um conjunto de fatores muito diferentes de hoje quando as contas são positivas e as dívidas do estado estão sob controle.
Entre aquele e este momento, passaram-se 18 anos desde 1997, o ano da reforma fiscal. A força econômica do estado multiplicou-se. Em 1997 era de R$ 11 bilhões. Em 2012 foi de R$ 81 bilhões. No meio dessas cifras houve um intenso desenvolvimento econômico e mudança nos perfis da economia apesar das crises econômicas do próprio país. Em 1994 a produção agrícola foi de 3,5 mil de toneladas contra 38 milhões em 2012.
A modernização do estado em 1997 foi uma faca colocada no pescoço de Dante, empossado em 1995. Pressionado, fechou o banco do estado, vendeu as centrais elétricas, municipalizou a Cia de saneamento, fechou empresas públicas de habitação, de armazenamento, de gestão e demitiu cerca de 10 mil servidores não-concursados admitidos depois da Constituição estadual de 1989. A isso se chamou reforma fiscal hoje denominada de reforma administrativa.
Porém, pela carga ideológica de esquerda que carregava, Dante criou algumas políticas sociais interessantes, como a formulação que depois foi esvaziada, na área da agricultura familiar. O agronegócio tomava forte cada vez mais forte, em contraponto com a fragilíssima agricultura familiar, que ainda hoje capenga pobre e abandonada. Esse ponto merece uma reflexão, na medida em que os municípios tradicionais e até mesmo aqueles que se baseiam hoje no agronegócio, importam no conjunto R$ 1 bilhão anuais em hortifrutigrangeiros para o abastecimento estadual.
Penso que a falta que Dante mais faz hoje, é no campo da oposição onde poderia agregar e ajudar a balizar as gestões posteriores. Sem oposição, a política tende aos descaminhos da falta de cobrança. Um bom opositor agrega outros e forma uma cultura de fiscalização e de cobranças. Contudo, vejo lentamente, a História fazer-lhe justiça.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br
antonio carlos | 11/02/2015 23:11:33
Mais uma vez venho falar que esse senhor, embora tenha razão pontualmente em alguns dos seus argumentos, não corrige os seus escritos. Quando fala em 3,5 mil toneladas, na verdade são 3,5 milhões de toneladas. Onofre, pare, por favor, pare. VC, embora pense que seja, não é do ramo. Engana muitos, mas, não todos!
Luan arruda | 11/02/2015 13:01:27
Concordo, porém afirmo que o momento era outro, o momento das valorizações das commodities, esse boom do agronegócio possibilitou o enxugamento da maquina pública e como resposta teve de crescimento econômico alavancado pelo próprio agronegócio, com a China comprando não só o soja mas também minérios e carne, mas também não podemos esquecer neste mesmo perÃodo se formou os carteis da AL/MT, capitaneado pelo Srs. José Riva e Humberto Bosaipo sem contar as negociatas instaladas no judiciário que culminou com a morte de um corrupto magistrado que denunciou seus pares e sócios. Ou seja o Dante surfou na mesma onda que Lula, porém em momentos diferentes da história e pior junto com FHC se encastelou e deixou as principais reformas para sabe-se lá quando. pagou o preço.
Saulo Gomes | 11/02/2015 10:10:01
Professor, concordo com o senhor quando faz referência ao grande Dante de Oliveira, ele sim faria a diferença na PolÃtica Nacional hoje, como fez no seu tempo, é uma pena que o tempo dele aqui foi curto pela grandeza que ele representava. Em relação a Agricultura, acho também que deve existir uma compensação aos pequenos agricultores, especialmente aos que produzem "hortifrutigranja", pois eles produzem alimentos, que inclusive os "Homens do Agronegócio" consomem, ou alguém ou eles comem soja?
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