Segunda-Feira, 31 de Julho de 2023, 08h50
Rosana Leite Antunes
O feminicídio da Julia Nicoly
Rosana Leite Antunes de Barros
Não, não a conheci. O crime foi divulgado na mídia nacional, e tem muito a trazer sobre a nossa realidade. Cuida-se de uma mulher trans que foi assassinada no último dia 25 de julho, do corrente ano.
Julia Nicoly Moreira da Silva, de 34 anos, sofreu o feminicídio dentro de casa, onde foi encontrada morta a facadas e amordaçada, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A técnica em enfermagem laborava para a Organização Social (OS) Ideias, também, no Hospital Getúlio Vargas Filho, em Niterói, e, ainda, no Hospital da Mulher de São João do Meriti.
Com tantos afazeres, Julia Nikoly era conhecida por ser extremamente comprometida com o trabalho, além de competente e prestativa. Respeitada em todos os lugares que trabalhava pela dedicação, destacava-se em não estar no lugar comum.
É do histórico de vida da jovem uma tentativa de feminicídio há dois anos atrás, quando havia sido esfaqueada por um homem dentro de casa. O homem foi preso em flagrante e condenado por tentativa de feminicídio, onde constatou-se o motivo torpe e a impossibilidade de defesa da vítima. Passou, segundo familiares, por nova ameaça pelo mesmo agressor, um ano após o aludido crime.
No dia dos fatos que redundaram na sua morte, vizinhos narraram que viram dois homens adentrarem na casa da mulher. Depois de um tempo, os mesmos homens saíram do local com o automóvel dela. Crianças que brincavam diante da casa da vítima estranharam a movimentação e acionaram os pais e mães, que se deslocaram até lá. Em razão da Julia Nikoly não responder a porta, a arrombaram encontrando-a com várias marcas de faca, principalmente no pescoço, e nas costas na altura dos pulmões. Pessoas que estiveram no local vislumbraram que ela estava com mordaça e algodão na boca. O carro foi encontrado no dia seguinte com manchas de sangue, mas foram deixados dinheiro, documentos e cartões, sendo levado apenas o celular dela.
O triste feminicídio dessa mulher tem muito a constatar. Aliás, como marca a comprovar o que tanto se fala. A uma, a vulnerabilidade a que as mulheres estão expostas. A duas, a expectativa de vida das pessoas trans, que no Brasil é de 35 anos. Aliás, Julia quase foi assassinada há dois anos atrás. E, a três, o crime de ódio cometido contra pessoas transgêneros, com requintes de crueldade na ação. Delitos contra pessoas trans não deixam qualquer margem de resistência para elas, sendo praticados com muita humilhação e violência sexual.
A transfobia é vista de inúmeras formas. A negativa de se reconhecer direitos no que diz respeito ao nome, ao uso de banheiros, cancelamento de corridas de aplicativos de transporte, xingamentos, tratamento público mortificador, omissão de socorro, e por aí afora. Os crimes cometidos contra pessoas trans acontecem à luz do dia, e, são subnotificados.
Segundo o “Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras”, de 2022, foram contabilizadas 131 mortes no ano passado. É do levantamento que uma pessoa transfeminina tem até 38 vezes mais chance de ser assassinada do que a transmasculina. O Brasil é, vergonhosamente, o primeiro colocado em assassinatos do segmento.
Como pensar em dias melhores, se não pensarmos em mudanças?
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.
conde | 31/07/2023 17:05:54
Pra bandido é bandido, assassino, é assassino, não é assassino exclusivo de gays quem mata um gay mata uma mulher mata um homem é assassino pronto acabou, matou? 40 anos de cana fechado, vai sair velho e não vai ter forças para matar mais ninguém. agora fica com esse mi mi mi de matador de gay, matador crianças , matador de velhos etc etc etc, asssassino e igual em tudo, bandido sem separação. Só o Ódio!
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