O tango é uma dança masculina, pois na sua origem era dançado por dois machos latinos que trocavam de mãos no seu comando para não ter preponderância de nenhum deles. Por este motivo os rostos são virados, sem se fitar.  Até por que no final do século XVII e início do século XX, não era aceito pela sociedade tradicional e pela igreja se dançar junto com uma mulher (Two Tango). A sua leveza e sensualidade somente foi incorporada, a partir de 1910, quando passou a ser dançado com uma mulher. Mesmo assim ele não deixa de ser masculino, pois o seu bailado é sempre sincopado com um compasso binário (2/4), comandado pelo homem, onde a mulher é sempre submissa.  

O tango surgiu e saiu dos arrabaldes de Buenos Aires e migrou para o salões do mundo inteiro, mas voltou e continua vivo e forte, no mesmo lugar, a inspirar a alma portenha e a encantar a todos com o seu bailado. Enfim, o tango é um clássico perene e universal que tocou e continuará tocando os pés, o corpo, a alma e o coração de todos, nos embalos dos seus acordes. 

O tango ainda é o principal ícone argentino, no Brasil.  O ritmo lota casas de espetáculos e está cada vez mais presente nas academias de dança.  “Também permite o relacionamento entre homem e mulher, com um jogo preestabelecido, que é abraçar e dançar. Ajuda muitas pessoas a voltar a cuidar da própria imagem e a se sentir melhor”, segundo Alan Forte, que considera a dança muito funcional e um meio fraterno de fazer amigos. (O Tango Reconquista o Brasil - Guilerme Brian -  https://www.redebrasilatual.com.br/revistas/2011/12/cultura-2/ )

O tango que de tão rico, inspirou a origem de outros tangos que surgiram em países distantes da América do Sul, pelo mundo afora. Há muita controvérsia a respeito das origens do tango brasileiro, onde aquele (argentino) sentou praça aqui, a partir de 1930 e gerou canções como “Último Tango” e “Carlos Gardel” de Herivelto Martins e David Nasser, em homenagem ao seu principal ídolo, imortalizadas na voz de Nelson Gonçalves: 

Tangos, bandoneons, uma guitarra que geme

Num ritmo de amor desesperado

Um cabaré que fecha suas portas

Uma rua de amor e de pecado

Um guarda que vigia numa esquina

Um casal que anda a procura de um hotel

Um resto de melodia um assobio

Uma saudade mortal

Carlos Gardel

........Carlos Gardel

Buenos Aires cantava no teu canto

Buenos Aires chorava no teu pranto

E vibrava em tua voz Carlos Gardel

O teu canto era a batuta de um maestro

Que fazia pulsar os corações

Na amargura das tuas melodias....

Por isso enquanto houver um tango triste

Um otário, um cabaré e uma guitarra

Tu viverás também

Carlos Gardel.

P.S. – A todos que me acompanharam até aqui, pelas incipientes incursões, no universo do tango, ofereço uma de suas mais belas e tocantes manifestações: Adeus Pampa Mia, na voz imortal de Ângela Maria (confira na Internet). 

Renato Gomes Nery. E-mail – regnery@terra.com.br Site – renatogomesnery.com.br