Terça-Feira, 18 de Março de 2025, 13h29
Luciano Vacari
Quem veio primeiro?
Luciano Vacari
Nas últimas semanas um tema vem tomando conta dos noticiários escritos, falados, televisados e de todos os grupos de zap, e dessa vez não é a guerra da Ucrânia, ou a taxa de juros, muito menos se é a direita ou a esquerda que tem razão. O tema da vez é o preço do ovo.
Ele já foi de vilão a mocinho pelo menos umas dez vezes e isso tem forte influência na hora de escolher o cardápio, podendo estar atribuído a um conjunto de fatores, que vão desde a maior participação do produto nas dietas fitness até a elevação do preço das carnes. Nos últimos anos, por exemplo, o ovo passou a ser receitado para aqueles que buscam o corpo perfeito devido ao seu alto índice proteico.
Mas afinal, o que realmente está acontecendo com a iguaria?
Seria por conta do preço do milho? Em parte sim já que de julho de 2024 para cá o principal insumo na alimentação das galinhas teve uma alta de 30%, mas nada que seja novidade para esse mercado uma vez que estamos na entressafra do grão que só deve começar a ser colhido a partir de junho.
Ah, também tivemos o surto de gripe aviária nos Estados Unidos, o que fez com que as nossas exportações explodissem, e a regra é simples, mais exportação, menos produto no mercado interno, e quem paga a conta é a Dona Maria quando vai ao mercado.
Outra explicação seria o aumento da demanda no próprio mercado interno, impulsionada pelo aumento das proteínas de preferência do consumidor como carne bovina, de frango, suínos e peixes não restou ao brasileiro ao compor o prato do dia a dia com o ovo. Mas que fique claro, por necessidade, não por opção!
Ao que parece temos a tempestade perfeita, e todas as afirmações acima são verdadeiras. Temos um aumento da demanda interna ocasionado pelo deslocamento da curva de consumo para a proteína do ovo, o aumento das exportações em razão do foco de gripe aviária nos Estados Unidos, e o aumento do custo de produção em virtude dos preços do milho e do farelo de soja.
E como se não bastasse, ainda tivemos no mês de janeiro de 2025 uma grande mudança estrutural no setor, mudança essa que interferiu diretamente na relação entre a produção, a distribuição e a comercialização do produto. Ou ninguém percebeu a coincidência?
Mas olhando adiante é preciso encontrar uma solução para isso. O ovo representa a verticalização da cadeia de produção. Ele é a materialização da transformação da proteína vegetal com pouco valor agregado em proteína animal, e isso gera emprego, imposto e renda. Ele não é mais um simples complemento no prato do dia a dia, hoje ele é o prato do dia na mesa de milhões de brasileiros.
É preciso pensar a cadeia de produção do ovo. Propor políticas públicas de médio e longo prazo que garantam condições de produção para o pequeno produtor ao mesmo tempo em que forneça garantias sanitárias ao consumidor. Reduzir impostos, ou afrouxar o controle sanitário não vai ajudar.
Ainda, e mais importante, é garantir renda ao consumidor para que ele tenha condição de escolher a mistura do prato fazendo que o Brasil não fique tão exposto à crises de demanda internacional ou a aumento do custo de produção.
O fato é que seja ele frito ou cozido o preço do ovo gerou um grande mal estar entre o pessoal do poder, por que essa crise mostra a fragilidade do momento em que estamos, onde o cidadão brasileiro não consegue comer um ovo sequer sem comprometer o orçamento do mês.
E aí, quem veio primeiro, o ovo ou a crise do ovo?
Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria
aloisio | 19/03/2025 16:04:27
Onde está o agro celeiro do mundo? O maior produtor de alimentos do mundo? Troquem o ovo pela soja, pelo gado, pela cana de açúcar. O equÃvoco do brasileiro é apostar no latifúndio e abandonar uma agricultura especifica de produção de alimentos do brasileiro para o brasileiro, sem a ganância dolorizada, com compromisso a atender o "mercado interno", só, como segurança alimentar. Deem o nome que quiserem, mas vinculada ao povo. Mas como convencer a República do agro e aos operadores da polÃtica, por ela financiada, de que há uma outra agricultura possÃvel? A última pesquisadora que disse isso foi ameaçada de morte. É mole!
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