Polícia

Terça-Feira, 27 de Maio de 2025, 12h10

CASO RENATO

À PC, jornalista revela temer ser morto em disputa por terras em MT

Cláudio Natal explicou que munições eram de seu segurança

Da Redação

 

O jornalista Cláudio Natal, detido em flagrante durante uma nova etapa da operação que apura o assassinato do advogado Renato Nery, ocorrido em Cuiabá, declarou em interrogatório à Polícia Civil que as munições de alto calibre encontradas em sua casa pertenciam a um policial militar contratado para sua segurança pessoal. Ele foi preso na segunda-feira (26), no bairro Santa Cruz, na Capital.

Em relato, ele narrou que vem sofrendo ameaças de morte desde 2020, quando se envolveu em uma disputa judicial por uma área de mais de três mil hectares na cidade de Nova Ubiratã. Ainda em seu depoimento disse que, devido às ameaças, contratou uma equipe de quatro seguranças, incluindo um PM identificado como Emerson. 

As munições apreendidas, que resultaram em sua prisão, seriam, segundo ele, de propriedade do policial, que teria "esquecido" o material em sua residência. Natal justificou a necessidade da segurança armada como medida de proteção contra possíveis ataques.

O grupo ficava de plantão 24 horas por dia, acompanhando-o inclusive em sua casa e garantindo a segurança de suas filhas. "Quando Emerson foi preso, as munições ficaram aqui. Os outros levavam seus próprios equipamentos, mas ele deixou essas para trás. Como eu estava sob ameaça, achando que poderiam me matar, pedi que todos andassem armados e municiados para nos protegermos", explicou Natal ao delegado Bruno Abreu, responsável pela operação.

DISPUTA

O jornalista relatou ainda que as ameaças começaram quando ele passou a fazer parte de um processo de reintegração de posse envolvendo o agricultor Roberto Zanoni e a empresa Centrosul Logística. Em 2020, Zanoni entrou com uma ação alegando ser o legítimo possuidor de uma fazenda de mais de 3 mil hectares, acusando a empresa de impedir seu acesso ao local com um grupo armado.

A Centrosul, por sua vez, afirma ser a proprietária há mais de 30 anos e classifica Zanoni como um "grileiro profissional". A disputa judicial ainda não foi resolvida.

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios (DHPP), cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de Cláudio Natal, suspeito de envolvimento no assassinato do advogado Renato Nery, ocorrido em julho de 2023. Natal, que se apresenta como jornalista e perito judicial, é investigado por suposta participação em um esquema criminoso, incluindo falsificação de documentos e assessoria a escritórios de advocacia.

Durante as buscas, foram encontradas munições de calibre 12, .38 e .40, levando à sua prisão em flagrante por posse ilegal de armamento. Segundo a DHPP, cerca de 15 dias antes da detenção de dois PMs acusados pelo crime, Natal teria entrado em contato com a mandante do assassinato solicitando recursos para custear a defesa dos envolvidos.

A primeira fase das investigações resultou no indiciamento do policial militar Heron Teixeira e do caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, apontados como autores dos disparos que mataram Nery. O crime teria sido encomendado pelo casal Cesar Sechi Sechi e Julinere Goulart, de Primavera do Leste, em meio a uma disputa por terras.

Renato Nery foi baleado em frente ao seu escritório em Cuiabá, em 5 de julho de 2024, e não resistiu aos ferimentos. Antes de morrer, o advogado havia apresentado uma representação disciplinar citando Cláudio Natal como integrante de um suposto "escritório do crime", acusando-o de disseminar informações falsas para influenciar processos judiciais.

O documento também menciona o advogado Antônio João de Carvalho Júnior, acusado de usar métodos fraudulentos para anular cessões de posse. Nery pedia a abertura de um processo disciplinar contra ele por conduta incompatível com a advocacia.

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