Quinta-Feira, 17 de Julho de 2025, 19h50
HERESIA
Advogado é suspeito de girar R$ 1 milhão do CV; esposa também é alvo
Jurista declarou renda mensal de R$ 7 mil
ALEXANDRA LOPES
Da Redação
O advogado criminalista de Sinop (500 km de Cuiabá), Roberto Luis de Oliveira, alvo de busca e sequestro na Operação Heresia, movimentou cerca de R$ 1,1 milhão em sete meses, mesmo dizendo ganhar cerca de R$ 7 mil por mês no exercídio da profissão. A Polícia Civil deflagrou a ação nesta quarta-feira (16) para desarticular um esquema criminoso de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em quatro cidades do Estado.
O mandado foi cumprindo num condomínio de luxo onde Roberto mora em Sinop. Segundo a decisão judicial que autorizou a operação, obtida pelo FOLHAMAX, o jurista ainda recebeu inúmeros depósitos originados de Alta Floresta, inclusive, de empresas que estariam em nome de "laranjas" ou que atuam como fachada para lavagem de dinheiro do Comando Vermelho (CV-MT). A informação consta em decisão do juiz Moacir Rogério Tortato, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo).
A Operação Heresia foi deflagrada pela Delegacia de Polícia de Alta Floresta, com apoio do Núcleo de Inteligência da Delegacia Regional, para o cumprimento simultâneo de um mandado de prisão preventiva, 14 mandados de busca e apreensão, além de 11 intimações para fins de monitoramento eletrônico nas cidades de Alta Floresta, Carlinda, Sinop e Cuiabá. Ainda foram expedidos quatro ordens de bloqueio judicial e sequestro de bens, além do bloqueio de contas bancárias até o valor de R$ 2 milhões por alvo principal.
Também foi determinada judicialmente a suspensão das atividades de uma empresa de produtos eletrônicos em Cuiabá, utilizada na lavagem de dinheiro proveniente do tráfico. Conforme as informações da decisão que autorizou as buscas, algumas dessas empresas de fachada, controladas pela esposa de Luis Roberto, Fernanda de Mato Mattos Valério de Oliveira, também investigada, estariam em nome de "laranjas".
As empresas citadas na decisão são Fisiomed e Fisiomed Sinop, que teriam sido usadas para justificar entradas e saídas de valores que, segundo a Polícia Civil, não guardam compatibilidade com a atividade empresarial declarada. Dessa forma, a investigação revelou indícios de que os investigados utilizam contas pessoais, bem como contas de terceiros e de empresas, como instrumentos para a lavagem de dinheiro provenientes do tráfico de drogas.
A decisão traz trecho de relatório que apontou existência de transferências financeiras entre Roberto e o policial militar Leonardo Qualio. O militar foi um dos presos na Operação Gravatas, juntamente com o advogado em 12 de março deste ano.
Ainda conforme o despacho, a quebra do sigilo bancário de Roberto Luis, autorizado judicialmente, revelou uma movimentação financeira expressiva incompatível com sua renda declarada. Como advogado autônomo, ele informou ao Banco Itaú uma renda mensal média de R$ 7 mil.
No entanto, entre janeiro de 2020 e novembro de 2022, suas contas bancárias movimentaram valores que totalizam R$ 4,2 milhões em créditos e R$ 4,2 milhões em débitos, configurando um fluxo financeiro elevado e praticamente equilibrado entre entradas e saídas — típico de contas de passagem usadas para dificultar o rastreamento dos recursos e mascarar suas origens. Dos depósitos identificados, 77,79% (cerca de R$ 494 mil) foram realizados por pessoas não identificadas.
Além disso, Roberto efetuou depósitos em sua própria conta no valor de R$ 82,8 mil, o que, segundo as investigações, reforça a intenção de encobrir a origem dos recursos. Foram ainda registradas operações de fracionamento de depósitos e saques em espécie em terminais de autoatendimento, frequentemente e em valores repetitivos.
Nas transações por TED/DOC, Roberto realizou 1.015 transferências de entrada e 1.300 de saída, além de 336 saques eletrônicos e 122 saques em espécie — totalizando 458 retiradas, das quais 380 não possuem identificação do beneficiário. Operações de aplicação e resgate de investimentos em curtíssimo prazo também foram identificadas, com valores aplicados e resgatados em um intervalo de um a três dias, o que não se justifica por motivos de rentabilidade, mas sim como método de simulação de operações para ocultar valores.
Em relação a terceiros com quem o advogado mantinha relação financeira, foram identificadas transações com dezenas de pessoas físicas e empresas envolvidas em crimes diversos, especialmente tráfico de drogas. Durante essas movimentações, Fernanda de Mattos recebeu R$ 30,8 mil em sua conta pessoal, além de valores repassados às empresas Fisiomed Centro de Reabilitação (R$ 470,5 mil) e Fernanda Mattos V Oliveira (R$ 383,9 mil), totalizando aproximadamente R$ 885 mil em transações diretas.
Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) apontaram que Roberto movimentou R$ 855 mil entre 27 de fevereiro de 2021 e 30 de agosto de 2021 — valores incompatíveis com sua renda declarada. Nesse período, foram registrados R$ 433,6 mil em créditos e R$ 421,3 mil em débitos em sua conta bancária.
Na decisão, o magistrado ainda autoriozu "que os mandados de busca possam ser estendidos a eventuais filiais, depósitos ou escritórios administrativos adicionais das empresas citadas, desde que tais locais sejam identificados no curso das diligências e haja vinculação comprovada com os investigados, mediante formalização e análise posterior por este Juízo. O presente mandado de busca e apreensão abrange a apreensão de bens de valor, tais como veículos automotores, joias, aparelhos eletrônicos e demais objetos de relevante valor econômico, que estejam em poder dos investigados acima nominados ou de terceiros por eles utilizados, desde que identificados no momento do cumprimento das diligências, ficando tais bens sujeitos à posterior representação para decretação de perdimento".
A OPERAÇÃO
Em Alta Floresta, um casal foi preso em flagrante com porções de cocaína e diversos envelopes da droga. Em Sinop, foram apreendidos bens de alto valor pertencentes ao advogado investigado, como dois veículos e joias.
Em Cuiabá, verificou-se que um local de dois andares, utilizado para armazenar mercadorias, não possuía qualquer sistema de controle, emissão de notas fiscais ou livros contábeis. Também houve sequestro e apreensão de veículos e objetos de valor. A Secretaria Municipal de Ordem Pública lacrou o estabelecimento.
Ao longo das ações, diversas pessoas envolvidas foram identificadas, compondo diferentes núcleos do grupo criminoso — incluindo os setores operacional, jurídico e financeiro. A investigação revelou um esquema sofisticado de contabilidade do tráfico e movimentações bancárias milionárias, com o uso de empresas de fachada e depósitos pulverizados.
As ordens judiciais foram expedidas por diferentes juízos. Os mandados referentes aos investigados em Alta Floresta foram autorizados pela 4ª Vara Criminal local, enquanto as medidas direcionadas ao núcleo financeiro e jurídico contaram com autorização do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá, com manifestação do coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (Gaeco-MT).
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