Polícia

Quinta-Feira, 07 de Agosto de 2025, 20h49

FACÇÃO MIRIM

Aluna foi agredida por "meninas do CV" por negar suco

G1 MT

 

Um caderno apreendido pela Polícia Civil após uma estudante de 12 anos ser agredida e torturada por colegas, dentro da Escola Estadual Carlos Hugueney, em Alto Araguaia, a 415 km de Cuiabá, revelou como funcionava o grupo criado pelas alunas, inspirado em facções criminosas, segundo o delegado responsável pelo caso, Marcos Paulo Batista de Oliveira. A vítima foi agredida após negar um "geladinho" - suco de pacotinho - a uma das colegas.

Para o delegado, a ação da aluna foi contra uma das regras descritas no caderno, o que teria motivado a agressão. No caderno apreendido na casa de uma das alunas, constava a hierarquia, normas e apelidos, como ocorre em facções.

De acordo com o delegado, as estudantes usavam pulseiras com cores diferentes para identificar a função de cada uma dentro do grupo. "Durante os depoimentos, elas disseram que tinham algumas regras básicas, como respeitar, ser leal e não tirar a pulseira de pano que elas criaram, cada uma com uma cor diferente para definir a hierarquia. Cerca de cinco delas eram identificadas como diretoras e tinham as outras, que possuíam outras atribuições , explicou.

Segundo a Polícia Civil, o grupo, que também inclui a vítima, era formado por cerca de 20 alunas. Na apuração dos fatos, foram ouvidas cerca de 10 pessoas, além das menores envolvidas, os pais, a diretoria da escola e a vítima prestaram depoimento.

Nesta quarta-feira (6), a Justiça determinou a internação de três adolescentes envolvidas nas agressões. A quarta menina identificada tem 11 anos e deve ficar à disposição do Conselho Tutelar, já que não pode responder pelo ato, conforme a lei.

O secretário de Estado de Educação, Alan Resende Porto, anunciou que a escola será transformada em uma unidade cívico-militar. Segundo ele, o processo de recrutamento dos militares que irão atuar na unidade já está em andamento.

A agressão foi registrada em vídeo pelas adolescentes e divulgada nas redes sociais. As imagens mostram uma das alunas ajoelhada, sendo encurralada e agredida por outras meninas.Além de tapas, socos, chutes e puxões de cabelo, as estudantes usaram um cabo de uma vassoura para bater na vítima.

Durante os depoimentos, as suspeitas confessaram ter agredido outras quatro colegas em situações semelhantes. Os celulares das adolescentes foram apreendidos e os vídeos das agressões foram localizados pela polícia.

A investigação também revelou que algumas das alunas envolvidas têm histórico familiar ligado a facções criminosas, o que pode ter influenciado a criação do grupo dentro da escola. Uma das adolescentes já havia sido conduzida à delegacia por estar em companhia de membros de uma facção, um deles portando drogas.

Para o delegado, a agressão sofrida pela vítima é semelhante ao "salve", um tipo de punição interna comum entre membros de facções, após desrespeitar regras impostas pelo grupo. Outra regra imposta era que a vítima não poderia chorar durante a agressão, sob pena de sofrer ainda mais violência.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) informou que equipes da gestão da escola e da Diretoria Regional de Educação foram mobilizadas para prestar apoio psicológico à vítima, aos envolvidos e às famílias dos estudantes. O estado de saúde da vítima não foi divulgado.

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