A adolescente Emilly Azevedo Sena, de 16 anos, estava viva quando Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, cortou sua barriga e retirou o bebê de seu ventre. A médica legista Alessandra Carvalho Mariano, diretora do Instituto Médico Legal (IML), em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (14), detalhou que Emilly perdeu muito sangue e agonizou até a morte. "Ela sofreu muito", observou a médica.

Alessandra Carvalho também informou que a assassina fez o corte de forma precisa, preservando as camadas do corpo humano e realizando uma abertura uterina de forma certeira, sem machucar o bebê. Os cortes tinham o formato da letra "T". A forma como ela realizou o procedimento mostra que tinha conhecimentos e habilidades cirúrgicas e não hesitou em nenhum momento, segundo a médica legista. 

Emilly Azevedo Sena estava desaparecida desde o início da tarde da última quarta-feira (12), quando saiu de sua casa em Várzea Grande para buscar doações de roupas na casa de uma mulher em Cuiabá e não entrou mais em contato com a família. Na análise do corpo, foi verificado que a vítima foi morta possivelmente por enforcamento, esganadura e asfixia, uma vez que ela estava com cabos de internet enrolados no pescoço, nas mãos e nas pernas, além de um saco plástico na cabeça, como forma de sufocamento.

"A menor sofreu múltiplas lesões por ações contundentes, com vários tipos de mecanismos de trauma. Por exemplo, ela pode ter levado um soco no olho. Ela estava machucada no olho e na face. Ela estava contida nos punhos, nas pernas e no pescoço, e também tinha um objeto circundando seu pescoço, além de lesões no corpo decorrentes de ações contundentes. Pode-se afirmar com certeza que ela não morreu por asfixia. Ela pode ter passado por um momento de suprimento de oxigênio transitório, mas que não deixou vestígios no momento da morte. O que temos de vestígios para afirmar é que ela morreu após perder todo o sangue", começou Alessandra.

Emilly perdeu sangue em decorrência dos cortes na barriga. "Com duas aberturas no abdômen, feitas em forma de T. As aberturas foram precisas, preservando as camadas do corpo humano e uma abertura uterina que preservou, inclusive, o feto, pois encontramos vestígios de restos placentários. Não há dúvida nenhuma de que se trata de um corpo de uma mulher grávida. Como ela estava viva, tiraram o neném. Ela foi agonizando e morreu. Na necropsia, temos certeza de contenção física e a contenção química em relação ao uso de substâncias químicas. Só teremos certeza quando sair o exame toxicológico, que já está em andamento", acrescentou.

Segundo a médica legista Alessandra Carvalho, a hipótese é que ela estava viva no momento em que foi retirado o  bebê. "Tanto é que tivemos uma conversa com a médica assistente, a ginecologista obstetra, e o nenê estava ótimo, o que condiz com o resultado da necropsia, que indica que ela estava viva do início ao fim do parto. O nenê não teve privação de oxigênio. Foram lesões precisas que não houve hesitação durante o início e o fim. Foi certeiro. Abriram o útero, preservando sem machucar o nenê. A manobra foi muito bem feita", concluiu.