Valdecir Karnoski, de 55 anos, marido de Roseni da Silva Karnoski, de 52 anos, que morreu após ser atingida por um tiro de espingarda no peito, responderá por feminicídio.  Segundo o delegado Jean Paulo Nascimento, ele apresentou várias versões divergentes durante o depoimento e já possui um histórico de violência doméstica contra Roseni.

Em 2021, por exemplo, ele atirou contra a esposa, o que resultou na perda do seu certificado de Caçador, Atirador Esportivo ou Colecionador (CAC).  O crime aconteceu na zona rural de Nova Mutum (264 km de Cuiabá), na noite de quarta-feira (24).

Na residência do casal, foram apreendidas uma espingarda de calibre 12, uma de calibre 22, outra de calibre 36, além de uma espingarda de pressão e 249 munições para todo o armamento.  Conforme o delegado, todas essas armas estavam registradas no nome de Roseni.

Segundo a PC, o marido a obrigou a fazer um registro de CAC para adquirir o arsenal. "Fomos até o local para realizar diligências, tendo em vista que há uma crescente onda de crimes contra mulheres no Estado. Ao chegar, tentamos entender o que realmente tinha acontecido. Encontramos um cenário extremamente confuso, que não condizia com o que o suspeito inicialmente relatou aos familiares. Ele mesmo mudou várias vezes a versão dos fatos. Em um momento, dizia que a vítima havia atirado. Em outro, admitia que manuseava a arma e acidentalmente realizou o disparo. O suspeito estava embriagado no momento dos fatos. Em entrevista às testemunhas, todas relataram que ele se torna bastante agressivo quando está sob efeito de álcool. Em 2021, ele cometeu um crime semelhante contra Roseni, durante uma discussão familiar, efetuando um disparo de arma de fogo. Esse episódio está registrado em boletim de ocorrência e há um processo relacionado. Já houve episódios anteriores de violência doméstica", afirmou o delegado em coletiva de imprensa.  

O delegado também informou que solicitará a prisão preventiva do suspeito. "Ele não é uma pessoa que não entenda de armas de fogo. Todas as armas apreendidas estavam em nome da vítima, porque o suspeito teve o CAC cassado por causa de violência doméstica. Ele fazia com que a vítima retirasse as armas de fogo em seu nome e fizesse um CAC no nome dela. A espingarda calibre 12, por exemplo, tem a característica de não disparar facilmente; é preciso manobrá-la efetivamente para que ocorra o disparo. Diante desse cenário, decidi lavrar o flagrante por feminicídio e farei a solicitação de prisão preventiva para que ele responda preso neste processo", detalhou.  

Segundo a Polícia Civil, os tiros atingiram o peito da vítima. Os projéteis, que foram disparados por uma espingarda gauge 12, popularmente conhecida como calibre 12, se alojaram no abdômen.

Os projéteis entraram pelo peito e se alojaram no abdômen, demonstrando, conforme a perícia, uma trajetória angular descendente — provavelmente, a vítima estava deitada no momento do disparo. A mão de Roseni apresentava ferimentos extremamente graves, indicando que ela se tentou defender.