Polícia

Quarta-Feira, 08 de Maio de 2024, 08h10

LA CATEDRAL

Presidiários pagavam propina para "trabalhar" na empresa de faccionado em MT

Um funcionário da Prefeitura de Primavera do Leste recebia propina para não fiscalizar

LEONARDO HEITOR

Da Redação

 

A investigação que resultou na deflagração da Operação La Catedral pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste na manhã desta terça-feira (7), apontou que cerca de 30 presos pagaram propina para terem vantagens na Cadeia Pública do município. A decisão, que autorizou a ação policial, apontou ainda que uma das lideranças do Comando Vermelho na cidade, Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, o Cowboy, além do diretor da unidade prisional, Valdeir Zeliz dos Santos, empregavam detentos em suas chácaras, como "atividade extramuros".

A ação cumpriu 132 ordens judiciais, entre prisões preventivas, buscas e apreensões, bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados. A investigação apura os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de capitais e facilitação de saída de pessoa presa para atividades ilegais.

Os mandados são cumpridos nas cidades de Primavera do Leste, Paranatinga e Dom Aquino, todas em Mato Grosso, em Uberlândia (MG), Rio Verde (GO) e Santana do Araguaia (PA). A apuração, de quase um ano, reuniu diversas informações produzidas a partir de relatórios financeiros e investigativos, identificou atividades ilegais envolvendo pessoas presas e o diretor da cadeia pública. 

A Polícia Civil apurou a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades e movimentar dinheiro obtido ilegalmente e promover a lavagem de capitais por meio de empresas de construções e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos. Para legitimar os valores recebidos, os investigados utilizaram terceiros e também de pessoas jurídicas para movimentar os valores ilícitos.

Um dos principais alvos da investigação foi o faccionado Janderson dos Santos Lopes, detido em regime fechado na unidade prisional de Primavera do Leste, após ser condenado a 39 anos de prisão. Apesar de recluso, a Polícia Civil identificou que ele tinha total liberdade para continuar com suas atividades criminosas lideradas a partir da cadeia pública.

Foram alvos da operação Janderson dos Santos Lopes, Valdeir Zeliz dos Santos, Josué Pereira Santana, Marconi Cesar Magalhães, Alessandro Rodrigues Soares, Damilles Kaely Lima Meira, Gutemberg dos Santos Mesquita, Valdir da Silva Araújo, Adriano da Silva Negreiros, Edimara Farias Neves, Fabio Belfort Costa Filho, Tiago Candido do Amaral, João Francisco da Silva Santos, Marcio Ferreira Sojo, Jeová Vieira de Aguiar, Nathan Gabriel Oliveira dos Santos, Magnun Vinnicios Rodrigues Alves de Araújo, Denilvaldo Gomes de Arruda e José Castro Neto. Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão no interior da Cadeia Pública de Primavera do Leste, abrangendo a sala do diretor da unidade, além de todas as celas do estabelecimento prisional.

O relatório referente à tornozeleira eletrônica utilizada por Janderson apontou que ele teria desrespeitado as determinações judiciais e se dedicado exclusivamente a atividades particulares dentro e fora de Primavera do Leste. Ele, inclusive, estaria empregando mão de obra de presos em regime fechado ou semiaberto em sua chácara e em sua empresa.

De acordo com o levantamento, Carlos Alberto Bonometo, Elisvaldo Resplande, João Maria Pinto, Rivonho Mendes Gonçalves, Celio Mariano Cardoso Torres, Marcos Augusto Salles, Manoel do Livramento Souza Junior, Elias Alves da Silva, Deivede Rezende Silva, Francildo Balbino de Alcantra, Vagner Donizete Mendes da Rocha, Neldson Robeiro Catuaba Santos, Aldevino Rosa de Oliveira Filho, Janio Paulo da Silva Bensiman, Ilmar Daniel Hermes, Uigor Almeida de Oliveira, Marlo Cardoso Zukoviski, Vitor Manoel Alves do Oliveira, Emerson Pereira Teles e Rogério Marcos da Silva trabalhavam na chácara de Janderson.

Quem também empregava presos em sua propriedade rural era o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz dos Santos. Lá, trabalhavam Marcos Augusto Salles, Valdeir Soares da Silva, Carlos Alberto Bonometo, Elisvaldo Resplande, João Maria Pinto, Rivonho Mendes Gonçalves, Celio Mariano Cardoso Torres, Valdir da Silva, Edson Jacson Silva Oliveira, Ivaldo Pereira Machado Silva, Franquinei Batista de Negreiros, Divino Caciano Nicolau, Vanderley Nogueira Fonseca, Bruno Ramos Correia, Marcelo Delguingaro da Silva, Aldevino Rosa de Oliveira Filho, Elton Luiz de Andrade, Julieton dos Santos Veloso, Rogérios Marcos da Silva, Gilberto Viera Alves Filho, Rosalvo dos Santos Silva, Vagno Cunha de Assis, Neldson Roberio Catuaba Santos e João Francisco da Silva Santos Neto.

Os investigadores apontaram que os detentos pagavam propina em troca de benefícios dentro da cadeia de Primavera do Leste, além de possíveis indicações para realização de trabalho externo. Entre os suspeitos, estava o advogado Rafael Cardoso de Moraes, que recebia valores dos detentos em suas contas bancárias e participava da lavagem de dinheiro da organização criminosa.

Alguns presos e ex-detentos, como José Inácio da Silva, Rafael Moraes Dias, Nathan Gabriel Oliveira dos Santos e Fábio Belfort Costa Filho, tinham como função a captação de presidiários e a cobrança de valores devidos por eles em troca dos benefícios concedidos dentro da cadeia de Primavera do Leste.

A investigação detalhou ainda a atuação de integrantes da Associação Proseg Segunda Chance, como Josué Pereira Santana, que também é funcionário da Prefeitura de Primavera do Leste e recebia propina para não fiscalizar os presos, além do presidente da entidade, Marconi Cesar Magalhães, que recebeu diversos valores em suas contas bancárias.

“Com efeito, além das transações entre os próprios suspeitos, durante a investigação foi possível identificar vários presos e seus familiares depositando dinheiro nas contas correntes dos investigados. Nesse contexto, para investigar os motivos que originaram os pagamentos, foi elaborado o relatório policial. Constatou-se que 30 presos ou seus familiares realizaram pagamentos nas contas dos investigados para obter benefícios dentro da cadeia”, aponta a decisão.

Janderson e Valdeir, la catedral

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Janderson Santos Lopes, la catedral

La Catedral

La Catedral

La Catedral

La Catedral

Comentários (3)

  • Servidores Amendrontados |  09/05/2024 07:07:15

    Até parece que ninguém sabe que isso acontece em Cuiabá e vg em proporções gigantescas mas os colegas tem medo de denunciar e não adianta trocar diretor ou superintendente o problema maior está na raiz TODO MUNDO QUE QUEM E O CEREBRO CARECA DO SÓCIO EDUCATIVO QUE MANDA NA BAGAÇA. Quem manda na polícia penal é o sócio educativo.

  • Gordo |  08/05/2024 20:08:49

    Cadeia nesses malandros

  • REIS |  08/05/2024 09:09:05

    Completem a frase: Cidadão de bem, __________________, _______________________. selvaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

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