A vida de Eliatan Brandão da Silva, 27, não é mais a mesma há cerca de um mês. Ele perdeu a esposa Caroline Vitória, 24, para a covid-19, e teve que lidar com a internação da filha em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que nasceu aos 7 meses.
"Está sendo muito difícil. O que me dá forças para seguir são as minhas filhas. A gente pensa em desistir de tudo, mas quando olho para elas me dá forças", conta Eliatan.
No fim de maio ele foi diagnosticado com covid-19. A esposa também fez o exame, que deu negativo. Ele ficou isolado em casa e quando piorou a esposa foi ficar com as duas filhas mais velhas na casa da mãe. Porém, em cerca de 3 dias Caroline começou a apresentar os sintomas da doença e teve uma piora muito rápida.
Acho que ela não reclamava porque estava preocupada comigo. Foi muito rápido. Não pude fazer nada, porque estava isolado por causa do vírus, sem poder ter contato com outras pessoas", lembra o viúvo.
Quando Eliatan se recuperou da covid-19 foi ver a esposa, mas ela já apresentava dificuldade para respirar. "Ela não queria ir para o hospital, tinha medo de ser intubada. Quando ela me falou que não sabia se ia resistir e pediu para ir para o hospital, percebi que ela não ia aguentar".
Da perda precoce da esposa ele nem pode sentir o luto, pois a filha prematura precisava de uma UTI com urgência. A família mora em Barra do Garças (509 km a leste de Cuiabá) e a vaga era em Cuiabá.
A bebê, que se chamaria Tálita, ganhou o nome da mãe, Caroline Vitória como homenagem. E precisou lutar por 24 dias no hospital pela vida, passando por vários procedimentos.
"Eu fiquei muito abalado. Saí do enterro da minha esposa e tinha que resolver a situação da bebê. Mas eu não tinha cabeça. Minha cunhada cuidou de tudo, até de fazer uma campanha para arrecadar roupas e fraldas, porque como a bebê ia nascer no final de junho, as coisas não estavam prontas", explica o pai.
Depois dos momentos de tensão para a recuperação da filha, na quinta-feira (24) a bebê finalmente chegou em casa. Ainda precisa de medicamentos e alguns cuidados especiais, mas está bem de saúde.
"O que eu penso agora é cuidar da minha filha. Que ela cresça, siga o bom caminho, estude e seja uma benção nas nossas vidas. Éco que a mãe dela queria e é o que vou lutar para fazer", enfatiza Eliatan.
Amanda Duarte
Sábado, 26 de Junho de 2021, 19h41