Hoje pela manhã (30 de abril) uma mãe chorava no Juizado Especial Criminal de Cuiabá por conta de um filho que é dependente de drogas e não aceita o tratamento. Ali, ela buscava apoio para conseguir encarar a realidade de quem já perdeu uma casa e viu seu filho ser alvo de uma série de tiros. Insistentemente, ela também pedia ajuda para transformar a sensação de impotência frente a uma guerra inglória em esperança e conhecimento sobre como vencer esta batalha.
Lurdes (nome fictício) é diarista, batalhadora e mãe de Diego. Atualmente com 21 anos, ela só descobriu que o filho tinha problemas com drogas quando ele completou 18 anos. A última vez que ele foi preso foi durante a comemoração de aniversário dela, quando a polícia invadiu a casa e o levou por posse de drogas.
O desabafo ocorreu antes da audiência coletiva para a qual Lurdes foi intimada com o intuito de levar o filho para conversar com a juíza Ana Cristina Mendes, responsável pelo Jecrim. No local, Diego assistiu a um filme sobre os problemas ocasionados com o uso da droga e ainda recebeu, mais uma vez, a oportunidade de se submeter a um tratamento e se livrar da dependência da maconha e da cocaína.
O trabalho não é realizado somente com Diego, mas com vários adolescentes, jovens e adultos que respondem a processos de menor potencial ofensivo envolvendo drogas. A ideia não é prender, mas sim tratar tanto o envolvido quanto a família. Durante a manhã e a tarde de hoje, pelo menos 80 pessoas foram ouvidas. Aqueles que se propõe a fazer o tratamento são enviados para comunidades terapêuticas parceiras. Aqueles que não aceitam continuam a ser acompanhados pelo núcleo psicossocial do Jecrim, que faz o trabalho de conscientização com os dependentes.
De acordo com a juíza responsável pelo Jecrim, Ana Cristina Silva Mendes, as audiências têm apresentado resultados concretos, inclusive quanto ao crescimento da procura por tratamento. Ela afirma ainda que depois que iniciaram os trabalhos, as famílias também estão buscando apoio no Juizado, o que é muito importante, a fim de aprender a lidar com a situação e também para aprender a dar o suporte necessário para a reabilitação do dependente.
Lurdes está neste processo de tratamento, mas reconhece que ainda tem muito caminho para trilhar. “Meu filho é um bom menino. Nós estamos lutando muito. Às vezes temos recaídas, ele nas drogas e eu no suporte, mas uma coisa eu tenho certeza. Esta luta eu não vou perder!”