Em uma sessão de julgamento que durou mais de 13 horas, nesta segunda-feira (7), o tribunal do júri formado na 11ª Vara Criminal Militar de Cuiabá absolveu o coronel da Reserva da Polícia Militar e atual secretário Municipal de Ordem Pública de Cuiabá, Leovaldo Emanoel Sales da Silva. Ele era suspeito de envolvimento na morte do detento Cláudio Andrade Gonçalves, após uma rebelião no antigo presídio do Carumbé, em Cuiabá, em 1996.
Juntamente com o coronel Sales, foram absolvidos também outros cinco policiais militares: Douglas Moura Lopes, José Luiz Vallejo Torres Angelo, Cassiano de Camargo, Mariano Mattos do Nascimento e Antônio Bruno Ribeiro. Eles respondiam pelo crime de homicídio qualificado. Durante seu depoimento, o oficial chegou a chorar e disse que houve muita exploração do caso por parte da imprensa, na ocasião.
A ação narra que em dezembro de 1996, houve uma rebelião no Carumbé, que resultou na fuga de 50 presos, tendo então sido chamado o Terceiro Batalhão da PM, que à época, era comandado por Sales, que era tenente-coronel, que recuperou 15 presos, entre eles Cláudio Andrade Gonçalves. Os PMs então levaram o detento e outro preso para o Pronto Socorro de Cuiabá, para que eles fossem atendidos. No entanto, segundo o processo, eles teriam fugido após a viatura ter passado por um quebra-molas, na Avenida dos Trabalhadores.
Foi apurado que os policiais, na verdade, teriam levado os fugitivos até uma estrada que dá acesso a Barão de Melgaço, onde foram executados. Em janeiro de 1997, dois corpos foram localizados com sinais de execução enterrados como indigentes em um cemitério na região do Parque Cuiabá. Após a exumação dos cadáveres e realizada uma perícia, foi descoberto que um deles tratava-se de Cláudio Andrade Gonçalves.
Sales chegou a afirmar, durante seu depoimento, que não teria motivos para mandar matar o detento e que tinha um cenário de fuga onde, se quisesse que o presidiário fosse morto, poderia apenas reintroduzi-lo à penitenciária, pois sabia que ele seria morto pelos colegas de cela. Segundo o coronel, a opção de ‘mandar matar’ não seria viável, até porque iria responsabilizar os outros militares.
“Quero dizer para as pessoas que me conhecem que eu não sou homem de mandarem fazer coisas por mim, eu falo com emoção porque isso é verdadeiro. Eu não sou homem de mandar. Eu não faria isso. Tinha um cenário de fuga, eu tinha possibilidade de introduzir esse preso de volta ao presídio e sabia que ele iria morrer logo em seguida. Por que optar em mandar matar e responsabilizar todos esses meninos? Essa denúncia é irresponsável”, afirmou.
O júri foi concluído por volta das 22h de segunda-feira e os quatro jurados decidiram por absolver o coronel da Reserva e os outros militares do crime. O Ministério Público de Mato Grosso, através do promotor de Justiça Jorge Paulo Damante, afirmou que não irá recorrer da sentença.
Os advogados Caio Cesar de Souza Moreno e Neyman Augusto Monteiro, que representaram o PM Douglas Moura Lopes, defenderam a tese de negativa de autoria. "O julgamento foi importante porque tivemos a oportunidade de demonstrar à sociedade representada pelo Tribunal do Júri que Douglas Moura Lopes e os demais acusados não eram culpados pelo homicídio de Claudio Andrade Gonçalves. Acabou, assim, um pesadelo que atormentou a cabeça de 6 policiais militares durante mais de 26 anos. A acusação não se pautou em provas sólidas que pudessem sustentar um liame entre o crime e os acusados”, avalia o advogado Caio Cesar.
GILBERTO SIQUINELLI
Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023, 10h53Cidadão de bem
Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023, 10h01eleitor atento
Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023, 09h21JOSEH
Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023, 09h02Tentar condenar pela mídia é um absurd
Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023, 08h43Cidadão
Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023, 08h29