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Crânio em 3D pode baratear diagnóstico de microcefalia

Criação é do designer gráfico Cícero Moraes, de Sinop

G1-MT

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O designer gráfico Cícero Moraes, de Sinop, no norte do estado, está liderando a primeira reconstrução facial forense de um indivíduo com microcefalia, baseada no crânio Darcy, peça centenária do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM). Além do designer, especialistas da Malásia, República Tcheca, Austrália e Polônia estão atuando no projeto.

Cícero contou que se interessou pelo tema em 2013, mas que o projeto foi colocado em prática em abril de 2025. Ele foi concluído em maio e, agora, falta apenas a publicação do artigo científico.

Segundo ele, essa é a primeira reconstituição facial de um crânio com microcefalia no mundo e pode baratear o processo de identificação da doença.

O designer explicou que foi desenvolvida uma metodologia que combina três parâmetros: circunferência craniana, arco sagital e arco coronal. Isso permite calcular com mais certeza o volume endocraniano, que é um dado essencial para o diagnóstico de microcefalia em adultos.

"Isso pode ajudar muito a área da saúde, na triagem de potenciais casos para que exames mais rebuscados e caros possam ser efetuados com maior nível de certeza. Isso ajudará o estado gastar menos e não expor pessoas a exames invasivos e desnecessários", ressaltou.

Atualmente, segundo o designer, o processo de reconstituição pode ser feito de duas formas, são elas:

Tomografia computadorizada, que é considerado um procedimento caro e que expõe a pessoa à radiação;

Medida da circunferência da cabeça, que embora seja simples de ser feito, pode gerar resultados incompatíveis com o quadro real.

Cícero contou que o para o processo de reconstrução foi preciso digitalizar o crânio em uma impressora 3D e utilizar dados estatísticos de reconstruções anatômicas. De acordo com ele, foram usados dados de espessura de tecido, deformação anatômica e projeções baseadas em medidas de tomografias computadorizadas.

"Cruzando todos esses dados foi possível gerar o busto básico e posteriormente a versão final, colorida e com cabelos", explicou.

Segundo o museu, o crânio que baseou a reconstrução, foi doado à instituição nos anos 2000, e pertenceu a um homem de origem suíça, que faleceu na meia-idade entre o final do século XIX e início do século XX.

A circunferência do crânio dele levantou a hipótese de microcefalia, condição que compromete o desenvolvimento cerebral.

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Gênio

Há dois anos, Cícero se tornou membro do “clube internacional de gênios”. A Mensa International – associação de superdotados, sem fins lucrativos – é a maior sociedade de alto QI do mundo e reúne pessoas com altas habilidades ou superdotação (AH/SD), com inteligência nos 2% do topo de qualquer teste de inteligência padrão aprovado.

Na época, ele fez um estudo por conta própria, acompanhamento com psicólogo e avaliação de uma neuropsicóloga, e recebeu o laudo final de que era uma pessoa com altas habilidades ou superdotação (AH/SD).

Após o diagnóstico, Cícero reuniu a documentação e a enviou ao Mensa, que fez a análise e, frente aos resultados obtidos, o aceitou no clube.

Trajetória

Cícero é especialista em computação gráfica e já produziu trabalhos de grande relevância, como a reconstrução do casco de um jabuti que perdeu a proteção durante um incêndio em 2015, sendo a primeira feita em impressora 3D no mundo. O trabalho o levou ao 'Guinness Book 2022' – o Livro dos Recordes.

Recentemente, um estudo arqueológico iniciado há 25 anos, somado ao minucioso trabalho de animação gráfica dele, revelou o rosto de Zuzu, uma das primeiras pessoas a ter habitado o Brasil.

O designer contou que começou a estudar sobre computação gráfica 3D por volta de 1990. Inicialmente, trabalhando com maquetes eletrônicas.

“Portei para o mundo digital o conhecimento analógico que adquiri com 12 anos, quando era desenhista auxiliar de alguns escritórios de arquitetura. Como eu já ganhava o meu dinheirinho desde aquela época, me pareceu uma boa ideia começar a fazer o trabalho nos computadores”, explicou.

Em 2011, ele disse ter reagido a um assalto e levou um tiro de raspão na cabeça. O episódio o levou a uma crise de ansiedade e o medo o deixou "isolado" em casa.

“Como me via desgostoso de quase tudo o que me rodeava, busquei aprender sobre um campo que me havia chamado a atenção, também na década de 90, quando assisti a um programa em que apresentaram a técnica de reconstrução facial forense, onde, a partir de um crânio, reconstruíam o que seria a face do indivíduo em vida”, relembrou.

Em pouco tempo de estudo, segundo Cícero, ele superou a ansiedade acerca do assalto e fechou parcerias com pesquisadores internacionais, apresentando o trabalho em vários países.

“Um dos desdobramentos desse projeto foi o interesse por parte de médicos e cirurgiões dentistas sobre a abordagem 3D digital sobre a face, que se desdobraram em parcerias de desenvolvimento de tecnologia culminando em soluções para o planejamento cirúrgico humano, que hoje é meu ganha pão, e a confecção de próteses animais e humanas”, contou.





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