Hoje as redes sociais são canal de vendas de produtos e serviços, porém, em sua essência, ela é uma maneira de conectar pessoas. Foi essa conexão que motivou o empresário Orkut Büyükkökten a criar o Orkut, uma das redes mais famosas no mundo e motivo de nostalgia a quem fazia parte de suas milhares de comunidades, como a "Odeio acordar cedo", com seus 6 milhões de membros. Quem nunca deixou um depoimento ao amigo ou "crush" no perfil?.
O empresário esteve em Cuiabá, na quinta-feira (31), para palestra no evento do Sebrae Mato Grosso, Hacking, que aborda inovação, impulsionando a criatividade. Apesar de toda a disponibilidade para atender ao público, a pergunta de milhões: "e aí, o Orkut vai voltar?", não foi respondida pelo fundador. Ele disse que não comenta o assunto e que o retorno não depende só dele.
Em entrevista, Orkut afirmou que a utilização das redes sociais para fazer negócio não foi seu primeiro alvo, mas, sim, a conexão com as pessoas. Ele inclusive vê essa mudança como algo negativo.
“No início, tudo era uma questão de autoexpressão, era tudo uma questão de conectar pessoas, era tudo uma questão de comunidades, mas infelizmente, a mídia social foi arruinada por pessoas que priorizam os lucros da empresa, os anunciantes, os negócios e os membros do conselho em detrimento da experiência real do usuário”, avaliou.
No Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas fizeram uso da rede social em seu auge. Orkut associa isso a proximidade dos costumes turcos com os brasileiros.
“Eu acho que a cultura turca é muito parecida com a cultura brasileira. É tudo sobre conexão, famílias, e nós verdadeiramente valorizamos as comunidades. O Orkut foi construído e desenhado em toda a comunidade e trazia pessoas juntos dele, para valorizar a comunidade, valorizar os amigos, então o Brasil aderiu muito ao que eu tinha como referência do que era realmente importante que é essa paixão com as pessoas”, explicou.
Durante sua palestra, ele abordou temas como o engajamento nas redes afeta a saúde mental de crianças e adolescentes, motivando a ansiedade, depressão e o suicídio.
“Devido à pressão social, a depressão vem acelerado entre os jovens, e isso não é surpresa. O uso abusivo das redes sociais aumenta o risco de suicídio e devemos nos questionar a que conteúdo essas crianças estão tendo acesso?”, ponderou.
Ele citou ainda a criação de contas fakes no X, e como esse conteúdo está afetando as pessoas.
“As redes sociais aumentaram o sistema que a sociedade utilizava para se comunicar. Nossa democracia falhou ao ser mal influenciado. Hoje nós vivemos uma ilusão, cada um de nós recebe pequenas partes das vidas dos nossos amigos, férias, festas. Essas fotos não são reais, porque possui filtros, por exemplo. Mas o que eles pretendem com isso?”. “A rede social vai continuar conosco para sempre, elas são otimizadas para nos dar alegria e fazer as pessoas ficarem juntas. As pessoas lembram que no Ourkut vocês falavam com seus melhores amigos, seu amor verdadeiro, estavam sempre juntos e tinham uma boa comunidade”, finalizou.