Secopa
O movimento para se manter o nome “Governador José Fragelli” no estádio da Copa do Mundo em Cuiabá vem ganhando reforços importantes, sobretudo entre membros da chamada cuiabania. Algumas lideranças tradicionais, como o professor Aecim Tocantins, estão fazendo articulações na tentativa de convencer o governador do Estado, Silval Barbosa, a batizar o novo templo do futebol mato-grossense como “Arena Pantanal Governador José Fragelli”.
Aos 93 anos, mesmo com dificuldades de audição e locomoção, mas com a lucidez, inteligência e credibilidade que sempre lhe renderam admiração e respeito, o professor Aecim fez questão de oficializar sua reivindicação. Além de publicar artigos na mídia, ele o protocolou um ofício no gabinete do secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, endereçado ao governador, defendendo a homenagem.
Ex-secretário de Estado, ex-integrante do Tribunal de Contas e ex-presidente da Câmara de Vereadores, função que o levou ao posto de prefeito da capital na ausência de Manoel José de Arruda, na década de 1950, Aecim Tocantins considera a mudança de nome uma injustiça. Dizendo que não poderia se calar diante de tal injustiça, o professor, contador por formação, diz: ”Estou fazendo um apelo ao governador. Ainda está em tempo”.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, o professor Aecim Tocantins explica que a homenagem ao ex-governador Fragelli é de autoria do então governador José Garcia Neto. “Fragelli construiu o estádio, mas Garcia Neto, que o sucedeu, foi quem inaugurou e decidiu, por decreto, homenageá-lo”, explica. “Se construiu o novo estádio no local do antigo não há por que mudar o nome daquele saudoso monumento”, completa.
Seguindo a mesma linha do amigo Aecim Tocantins, o escritor Tertuliano Amarilha, membro da Academia Mato-grossense de Letras, escreveu artigo endereçado ao governador. Para Amarilha, se prevalecer o que está na boca do povo, numa referência ao nome Arena Pantanal, o Estado estará cometendo uma grande injustiça. “Essa injustiça e ingratidão estarão constituindo uma mancha inapagável da página da história de Mato Grosso”, avalia.
A Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) informou, por meio da assessoria de imprensa, que o nome registrado junto à Federação Internacional de Futebol(Fifa) para o período da Copa é “Arena Pantanal”. Entretanto, na denominação estaria mantida a homenagem ao ex-governador.
Só não se sabe se a homenagem será preservada após a Copa, com a concessão do estádio à iniciativa privada, como está previsto. A Casa Civil optou por não se manifestar sobre a questão, atribuindo tal tarefa à Secopa.
SURPRESA
A família do ex-governador José Manoel Fontanillas Fragelli ficou surpresa com a informação de que o nome do estádio não seria mantido. Deputado estadual do PDT em Mato Grosso do Sul, Felipe Ribeiro Orro, 44 anos, sobrinho-neto do ex-governador, disse que jamais passou pela sua cabeça que o estádio mudaria para Arena Pantanal ou qualquer outra denominação.
Conforme Orro, em março de 2010, quando seu tio-avô morreu, o então governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, hoje senador, lhe garantiu que o nome de José Fragelli estava assegurado no novo estádio. Quando ligou para dar condolências à família, Blairo disse, conforme o parlamentar: “teremos que demolir o estádio, mas fique tranquilo que o nome será mantido”.
Na avaliação dele, o tio-avô merece a homenagem, especialmente depois da morte, por ter contribuído com o desenvolvimento de Mato Grosso construindo o Estado. “Foi o governador que mais estrada abriu”, observou. Orro não viu necessidade de demolição, como fez o Governo, mas de construção de um novo estádio em outro lugar da cidade. O “Verdão”, ou Estádio Governador José Fragelli, poderia ser utilizado em eventos esportivos estaduais, como os campeonatos dos times locais e do futebol amador.
A viúva do ex-governador, dona Maria de Lurdes Fragelli, 90 anos, não escondeu que está decepcionada com a demolição do antigo estádio. “Mudar nome de que estádio? Demoliram o antigo!”, respondeu a reportagem. “Nosso tempo já passou, pelo menos é assim que pensam”, disse, reforçando sua posição contrária a demolição. “Para que demolir? Tem muito espaço nessa cidade, poderia construir em outro local”, encerrou.