Moradores da Rua 11 no bairro Castelo Branco foram surpreendidos pelas máquinas da Defesa Civil de Cuiabá no final da manhã de ontem. A ordem era demolir seis casas inabitadas que estão instaladas em uma área considera da de risco, na beira do córrego do Barbado, mas apenas quatro foram colocadas abaixo. Assustados, os moradores se rebelaram, por acreditar que todas seriam demolidas. A desapropriação visa à construção da avenida Parque do Barbado, uma das obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo. Houve tumulto e a Polícia Militar foi acionada para manter a ordem.
Morando há quase 30 anos no bairro, Jorge Mário Sampaio, presenciou o drama de ver a casa dos vizinhos sendo demolida. Segundo ele, os vizinhos já haviam saído das residências, pois a defesa já havia decretado risco na moradia, e assustados, eles saíram do local. “Eles saíram, mas não esperavam a demolição. Era só até o final do período de chuva”, lembrou.
Jorge conta que os moradores da região estão esperando receber do Governo as chaves de uma casa do programa ‘Minha Casa Minha Vida, no bairro Altos do Parque III. Mas ele acrescenta que só vai deixar o local quando receber em mãos a chave do novo imóvel, que segundo ele está para ser entregue no mês de abril.
A jovem Rosenet Nascimento, 23 anos, mãe de duas crianças, relatou que na hora que a residência vizinha estava sendo demolida, o muro da sua acabou indo abaixo também. “Eu fiquei assustada, o muro caiu em um corredor onde meu filho brinca. Um perigo. Não vamos aceitar terrorismo. Só vamos deixar nossas casas quando estiver tudo certo, conforme conversado. Não saio daqui para não ter onde morar”, desabafa.
A revolta dos moradores se deve à falta de diálogo. Segundo a presidente do bairro, Deumacy Freitas, a Defesa Civil chegou do nada e começou a demolição das casas, e com essa atitude, os outros moradores que também vão passar pela desapropriação se assustaram, dando início a uma discussão. A polícia foi acionada pela equipe do órgão municipal, pois os ânimos estavam exaltados.
“A atuação dessa forma representa o desrespeito com o movimento comunitário. Podiam ter ligado, explicando a ação, como seria, e eu repassaria para os moradores. A falta de comunicação gerou toda a euforia. Pois já havia sido informado que a demolição das casas só aconteceria quando eles mudassem para o novo endereço”, explicou.
Para a presidente, os moradores foram acessíveis, pois mesmo com todos os contras, aceitaram a proposta. “A vida que levamos gira no entorno do bairro, nossas crianças estudam aqui, muitos trabalham por aqui, e mesmo assim eles aceitaram ir para outra localidade que é fora de mão. Muita coisa vai mudar, a maioria é de família humilde”.
O coordenador da Defesa Civil do município, Oscar Amélito, a ordem no momento era demolir seis. As outras duas, segundo Oscar, estavam com móveis. A reportagem entrou em contato com o secretário municipal de Cidades, Suelme Evangelista, mas o telefone estava desligado. O defensor público Muniz Afrox, que acompanhou o Caso, também não retornou os contatos.