O delegado Clayton Queiroz Moura, da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente de Cuiabá (Deddica), fez um alerta sobre a propagação de prints de conversas relatando um suposto assédio sexual de um professor de uma escola particular da capital. De acordo com o responsável pelas investigações do caso, estas informações não foram juntadas aos elementos apresentados até o momento e lembrou de casos como o da Escola Base, em São Paulo, em que o ‘clamor popular’ resultou em suspeitos sendo acusados injustamente.
Nesta semana, veio à tona uma acusação feita pela mãe de um aluno, apontando que um professor de Biologia e Matemática teria assediado e importunado alunos do Colégio Salesiano São Gonçalo, escola tradicional da capital. O profissional foi afastado do cargo após a responsável pelo estudante afirmar que o homem teria pedido fotos e vídeos íntimos do filho em troca de boas notas.
Os supostos casos de assédio foram revelados em um áudio compartilhado pela mãe de um aluno. Na gravação, ela traz detalhes sobre a denúncia, destacando, que há suspeitas da participação do professor em uma rede de pedofilia. Ela relata que os assédios já ocorriam há algum tempo, mas só agora se tornaram explícitos. Segundo ela, seu filho informou que o professor falava que ele não passaria de ano, a menos que aceitasse as propostas, como trocar notas por favores inapropriados e, quando os meninos recusavam, ele insistia em obter fotos ou vídeos sexuais.
Na sexta-feira (1), prints de uma suposta conversa entre o professor e um aluno, aponta para um diálogo ocorrido entre um adolescente de 15 anos, em sala de aula, onde o acusado pedia que o aluno encaminhasse nudes para ele, para receber um ponto por um trabalho. O delegado, no entanto, afirmou que estes elementos não estão incluídos nas provas colhidas até o momento, sobre o caso.
“É preciso ter serenidade na apuração dos fatos porque, quando se traz um registro de boletim de ocorrência, ele tem que ser previamente apurado. A gente nem sabe a totalidade de pessoas que possam ter feito BO sobre esse fato. Tive conhecimento de várias divulgações de informações ou elementos de conversas que não correspondem a fatos que sejam do nosso conhecimento. Falou-se até de medida protetiva, mas não encaminhamos nenhuma neste sentido. Estamos em um estágio inicial e temos que levantar fatos”, afirmou.
Clayton Queiroz Moura orientou que mães e pais de alunos que denunciarem qualquer tipo de situação semelhante, devem procurar a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente de Cuiabá. O delegado destacou que, no local, vários especialistas irão orientar e atender as vítimas de maneira adequada, mas condenou a exposição em redes sociais antes mesmo de denunciar às autoridades competentes.
“Se há alguma mãe que o filho tenha noticiado qualquer fato, seja nessa escola ou em qualquer outra, elas podem comparecer a delegacia. Temos psicólogas, assistentes sociais e uma equipe treinada para fazer o atendimento. No entanto, esse tipo de fato que circula dentro de rede social, não tenho conhecimento e não compõe nenhum elemento de fato que eu tenho. Então, fica com um crime sendo apurado, de certa forma, pela mídia social e outro pela delegacia”, disse.
Por fim, o delegado destacou que é preciso se tomar muito cuidado com a exposição de supostas provas em redes sociais, alertando casos em que a opinião pública e até mesmo a imprensa se precipitaram, resultando em ‘condenações prévias’ pela sociedade. Um dos exemplos citados por Clayton Queiroz Moura foi o caso “Escola Base”, ocorrido em 1994, em São Paulo.
“Essa criação, de certa forma, de uma lenda, faz com que lembremos do famoso caso da Escola Base, em São Paulo, onde todos apontaram os suspeitos como culpados e depois ficou comprovado que não tinham cometido o fato. Temos que tomar muito cuidado, porque envolve pessoas e todos acabam, de certa forma, se tornando vítimas do fato. O que peço é que se tome muito cuidado com essa divulgação, por vezes indevida, de fato que envolve criança e adolescente, porque quando se expõe dessa forma, as maiores vítimas acabam sendo de novo estes jovens”, completou.
Caso Escola Base
Escola Base foi uma escola particular localizada no bairro da Aclimação, no município de São Paulo, no Brasil. Em março de 1994, seus proprietários (o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada), a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu esposo e motorista Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos de quatro anos da escola. Em consequência da revolta da opinião pública, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades logo em seguida.
O chamado Caso Escola Base envolve o conjunto de acontecimentos ligados a essa acusação, tais como a cobertura parcial por parte da imprensa e a conduta precipitada e muito questionada por parte do delegado de polícia Edélcio Lemos, responsável pelo caso, que, supostamente, teria agido pressionado pela mídia televisionada e pelas manchetes de jornais. O caso foi arquivado pelo promotor Sérgio Peixoto Camargo por falta de provas. Até hoje, o caso é tema de estudos de faculdades e seminários de jornalismo, direito, psicologia, psiquiatria e ciências sociais como exemplo de calúnia, difamação, injúria e danos morais.
As pessoas acusadas no caso passaram a sofrer de doenças como estresse, fobia e cardiopatia, além de se isolarem da comunidade e perderem seus empregos. Em 2007, Maria Aparecida Shimada, diretora da escola, morreu de câncer. Em 2014, seu marido e um dos proprietários da escola, Icushiro Shimada, morreu de infarto, em sua casa em São Paulo. Ele já tinha sofrido um infarto do miocárdio em 1994.
Ana
Domingo, 03 de Dezembro de 2023, 12h41Quebra de sigilo telefônico e watssap
Domingo, 03 de Dezembro de 2023, 11h55Parabéns
Domingo, 03 de Dezembro de 2023, 09h47So pedir a justiça quebra sigilo telef?
Domingo, 03 de Dezembro de 2023, 08h49Dona Porfiria Amorim
Domingo, 03 de Dezembro de 2023, 03h32Marcos
Sábado, 02 de Dezembro de 2023, 21h27