Preso na “Operação Mantus”, onde é acusado de liderar um esquema de jogo de bicho no Estado, o empresário Frederico Muller Coutinho se orgulhava de ter recebido o título de “comendador” pela Câmara de Cuiabá. A honraria foi concedida no último dia 15 de abril e teve como autor o vereador Adevair Cabral (PSDB).

Coutinho compartilhou a reportagem sobre o novo título nas redes sociais. Além disso, ostentava-o como “profissão” em seu Facebook. O termo "comendador" virou sinal de poder em Mato Grosso a partir de 2002, quando foi deflagrada a "Operação Arca de Noé", que prendeu João Arcanjo Ribeiro, então chefe do crime organizado do Estado.

Outra característica dele, era a defesa das reformas propostas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). No último domingo (26), ele se posicionou acerca das manifestações realizadas em defesa do presidente por todo o Brasil.

“Um recado claro e inequívoco está sendo dado hoje ao Congresso, o povo está cansado e quer as reformas, quer mudança e não quer o retorno das velhas práticas. Esse povo que foi às ruas apoia o jeito Bolsonaro de fazer política. Quem não entendeu isso não entendeu nada”, disse.

Segundo as investigações, Coutinho comandava um grupo criminoso que operava o “jogo do bicho” na Capital. Ele seria “rival” de João Arcanjo Ribeiro, também preso nesta quarta-feira (29).

Os dois grupos, segundo a Polícia Civil, movimentaram mais de R$ 20 milhões nos últimos dois anos. Parte deste dinheiro foi para o exterior.

O empresário Frederico Müller Coutinho é um dos delatores da Operação Sodoma, que investigou fraudes que resultaram na prisão do ex-governador Silval Barbosa. Müller trocava cheques no esquema e chegou a passar dinheiro para o então braço direito do ex-governador. Os cheques teriam sido emitidos como parte de um suposto acordo de pagamento de propina ao grupo político do ex-governador.

Ao todo, a Polícia Civil cumpre 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar na Capital e em outras cidades do Estado. Ainda há um mandado de prisão que foi cumprido no aeroporto de Guarulhos.

O nome Mantus: Na mitologia etrusca, Manto (em latim: Mantus) é o deus do mundo dos mortos no vale do rio Pó. Manto também é conhecido como o Deus do azar, onde chamava atenção  de suas vítimas através de jogos, roubando assim suas almas.