Cidades Domingo, 15 de Dezembro de 2024, 14h:36 | Atualizado:

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TRILHA

Especialista avalia impacto de obras no Morro de Santo Antônio

 

ANA CLARA ABALÉM
Gazeta Digital

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Morro de Santo Antonio

 

A parte topográfica e de limpeza para a estruturação de uma trilha alternativa no Morro de Santo Antônio foi finalizada na semana passada, conforme a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra). A próxima etapa da obra é a implantação de uma trilha de pedra, que será acrescentada às já existentes. No entanto, os moradores e turistas que frequentam o ponto turístico, localizado em Santo Antônio do Leverger (34 km ao sul de Cuiabá), contrapõem que a construção está danificando a paisagem.

O GD consultou o professor doutor da Universidade Federal de Mato Grosso, Auberto Siqueira, que é também coautor em um estudo sobre as feições morfoesculturais do Morro de Santo Antônio (MSA).

Para o especialista, é evidente que a construção acarreta sérios impactos para o monumento histórico, e além das questões geológicas, deve-se considerar também os aspectos sociais e culturais.

“O que entendemos por paisagem, não envolve apenas a dimensão dos atributos físicos do terreno, mas também a dimensão cultural que esses atributos representam para a comunidade. Essas obras representam uma intervenção irreversível de grande magnitude, em ambas as dimensões da paisagem”, afirma o geólogo. 

O Estado de Mato Grosso criou o Monumento Natural Estadual de Santo Antônio (MNEMSA), em 2006, em que os 258 hectares que compreendem o morro foram considerados como uma unidade de conservação de proteção integral. Entretanto, é possível ver uma ‘cicatriz’ que corta a extensão leste do morro, a parte que é visível para a população da capital e de Várzea Grande.

Segundo a Sinfra, os serviços realizados no local obtiveram uma licença ambiental junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). A obra foi realizada no período chuvoso, o que, para o pesquisador, é um fator agravante para a situação.

“Mesmo que se tratasse de uma obra necessária, se não fosse em uma unidade de conservação integral criada pelo próprio governo do estado, evidentemente, que o período chuvoso é o mais inadequado possível para realizar obras em áreas de fortes declividades, portanto, altamente erodíveis”, aponta.

“Os custos são muito maiores e os riscos também. Nessas circunstâncias, normalmente só se fazem obras como essa, quando se trata de situação emergencial e jamais por mero deleite voluntarioso, seja lá de quem for”, finaliza.

Considerando todos os fatores, tanto naturais como sociais, na visão do especialista, o Morro de Santo Antônio e redondezas já sofrem grandes impactos. “Depende do que consideramos por degradação. Se for em relação aos atributos originais naturais, históricos e culturais, como venho expondo aqui, é evidente que o MSA já foi degradado”, conclui. 

Testemunho geológico

O Morro de Santo Antônio também tem grande valor científico. Ao longo de milhões de anos, esse realce topográfico está sobre um longo processo erosivo. “Ele (MSA) passou também por enormes mudanças climáticas planetárias, como desertos e glaciações. Enquanto todas as elevações ao seu redor foram arrasadas, ele resistiu.  Por isso esse morro é considerado Morro Testemunho nas geociências”, explica o pesquisador.

“Essa resistência está num delicado equilíbrio entre as forças do clima e a resistência extraordinária das rochas que o compõem.  Não era de bom alvitre mexer nesse equilíbrio, pois para consertá-lo, obras cada vez mais invasivas serão necessárias para conter a inevitável erosão, descaracterizando completamente essa unidade de conservação” finaliza.

O monumento também tem grande influência para a população local. “Além desses atributos, diríamos imateriais, ainda encontramos ali ervas medicinais importantes para as comunidades vizinhas, além de muitos outros atributos geológicos que ainda estão sendo estudados e grande variedade de habitats para a fauna em geral”, pontua.





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Comentários (12)

  • José

    Terça-Feira, 17 de Dezembro de 2024, 09h35
  • Na minha humilde opinião, a idéia é ótima, o estudo de impacto é fraco e a obra é ilegal. A ideia é otima porque o turismo se faz com infra estrutura e acesso, que atrae visitantes e desenvolve o comercio. O turismo é a indústria do Pantanal e das comunidades pantaneira. Apoio a ideia de uma acesso permanente ao topo do morro, com um monumento no topo. O Estudo é fraco, porque nao ouviu a comunidade, não levou em conta a geomorfologia para essa obra e nao deu publicidade do que ia acontecer. Foi ruim. A obra é ILEGAL, porque o Morro é tombado e unidade de proteção integral, e precisaria alterar a legislação para esse projeto. Deixo Claro que apoio o projeto, mas precisa melhorar os estudos com mais transparencia e promover a alteração da Lei de Unidade de Proteção Integral para Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Tenho dito
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  • Senhora Ane

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 19h22
  • A matéria é muito esclarecedora , a palavra ESPECIALiSTAS, já diz tudo . Lamentável o que estão fazendo, assim como alguns comentários . Preservação do Morro de Santo Antônio é indiscutível .
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  • João da Costa

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 14h29
  • O mas difícil é explicar o que é preservação ambiental, enquanto isso, a boiada vai passando.
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  • Fala verdade

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 12h50
  • Respeito a cultura mãe. Cultura indígena e afro indígena. É Laico.
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  • Fala verdade

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 12h45
  • Excelente esclarecimento do Professor Auberto Siqueira. Poderia fortalecer o turismo de aventura e saúde, o trânsito de veículos no morro é ridículo. Infelizmente esse desgovernado está destruindo tudo o que pode. Na Chapada dos Guimarães a novidade é um dissipador de águas na piscina pública ou seja fazer um esgoto corrego da quneu. E destruição do morro do portão do inferno. Extinção do Parque do Cristalino. Governo contra o Natureza
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  • Sérgio

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 12h37
  • A pergunta é: foi feito algum estudo de impacto ambiental, onde pudesse constatar riscas de erosães ou coisa assim?! Cadê esse estudo e as devidas licenças?! Se tem tudo isso, pronto. Agora se foi feito tudo isso a bel prazer de alguns está bem errado!
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  • Cuiabana

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 12h37
  • Esse governador sem cultura se esforça em destruir nossos patrimônios culturais e ambientais. O Morro de Santo Antônio, que é um dos símbolos do brasão de armas do estado de Mato Grosso, é só mais uma vítima dos desmandos e caprichos deste senhor. O Toroari é berço de nossa nação, e sobreviverá à este ser sem berço!
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  • joao padilha

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 09h18
  • SE COLOCAR LA UMA IMAGENS IGUAL DO RIO DO CRSTO FICARIA MUITO BACANA.
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  • Vicente

    Segunda-Feira, 16 de Dezembro de 2024, 07h40
  • O problema é que o sr. Mauro Mendes toca o governo de mãos de ferro. Essas obras como Portão do Inferno. Morro de Santo Antônio, BRT e outras não existem estudo técnico, cientifico sobre impacto ao meio ambiente. A construção do BRT está sendo erro. O usuário vai pagar o preço, tanto para quem usa os onibus como também para quem transita de carro por essas avenidas.
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  • Observação!

    Domingo, 15 de Dezembro de 2024, 22h37
  • Na minha opinião é: por mais que as pessoas reclamem dessa obra ela vai ser muito bem vinda porque na época de seca o fogo queima tudo a vegetação do morro e dificulta bastante para os bombeiros fazer resgate e apagar o fogo com a ajuda do helicóptero do Ciopaer e aviões. E fazendo essa trilha a Natureza tem o poder de voltar a ficar verde muito rápido e vai ajudar em caso de alguém se perder nas trilhas ser resgatado com mais facilidade, vai facilitar da equipe de resgate e a equipe dos bombeiros e brigadista entrar pra apagar o fogo. Essa semana passei por lá está super verdinho a vegetação está super lindo, mas infelizmente na época de seca fica difícil naquela região.
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  • Cuiabano

    Domingo, 15 de Dezembro de 2024, 22h36
  • Quanta frescura, falou, falou e não disse nada. Ninguém aguenta mais esses ambientalistas. Qual problema de fazer uma trilha para dar segurança a quem sobe o morro ? Ah pq ficou uma cicatriz, tenham a santa paciência né. Essa conversa mole de europeu que não quer a gente produzindo já ficou bem evidente esse ano. Parem com essa conversa mole.
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  • João José

    Domingo, 15 de Dezembro de 2024, 19h35
  • Por isso que Mato Grosso não sai do lugar, no que se refere ao turismo. Povo ignorante e ambientalistas de escritório. Vide portão do inferno, teleférico de Chapada e morro de Santo Antônio. É necessário dar acessibilidade para receber turismo.
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