Ex-gestor da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, o médico Luis Saboia considerou como 'selvagem' a forma com que o Governo do Estado de Mato Grosso anunciou a requisição da administrativa no final desta quinta-feira (2).
Em entrevista à Rádio Vila Real na manhã desta sexta-feira (3), ele afirmou que o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, chegou ao local escoltado com policiais armados.
"Foi uma intervenção selvagem, insensibilizada, porque bastava o secretário ir até a Santa Casa, nós estávamos preparando a Santa Casa para isso. A Santa Casa tem 200 anos e merecia certa consideração", disse.
Ainda de acordo com Saboia, ele e a equipe gestora estavam fazendo uma comissão para entender como foi produzida a dívida da unidade filantrópica. Segundo seu apontamento, a grande dívida da Santa Casa começou de 2016 para 2017, na gestão do médico Antônio Preza.
"Houve um inchaço da folha de pagamento brutal, eu deixei a Santa Casa com 470 funcionários e recebemos ela com quase 900 funcionários. Isso demonstra muita pressão política. A Santa Casa o grande mantenedor é o poder público que também tem culpa no cartório".
"O secretário chegou parecendo o rambo. Eu estava aguardando na minha sala civilizadamente. Ele não precisava dessa postura de chamar seguranças, policiais", finalizou.
Requisição
Conforme explicou o secretário de Estado à reportagem, o governo não deve assumir as dívidas deixadas pela gestão anterior, mas 'alugar' o espaço e utilizá-lo para gerir um hospital regional, denominado, por hora, como Unidade Hospitalar Estadual de Alta Complexidade.
"A Santa Casa não vai ter a situação financeira sanada, o Estado não pode absorver dívida ou depositar dinheiro para pagar dívida privada. Por isso que nós chamamos de requisição, porque a intervenção seria se nós absorvêssemos a dívida", explicou.
A expectativa é que a unidade volte a atender em 30 dias.