A juíza do Núcleo de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça (Nipo-TJMT), Edna Ederli Coutinho, converteu para preventiva a prisão temporária dos policiais militares Jackson Pereira Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira. A dupla, ao lado de outros PMs da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), é suspeita de participação no homicídio do advogado Renato Gomes Nery, ocorrida em Cuiabá em 2024.
Segundo os autos, os policiais respondem por homicídio qualificado, organização criminosa e abuso de autoridade. Jackson já cumpria pena por porte ilegal de arma, enquanto Ícaro tem processos por quatro assassinatos e três tentativas.
Ambos também foram denunciados na operação "Simulacrum", que revelou uma “parceria” entre criminosos e policiais na realização de “emboscadas” contra pessoas com passagens pela polícia - um “esquadrão da morte”. Diferente da prisão temporária, a preventiva não possui “validade”, onde a liberdade fica a critério do juiz que leva em consideração aspectos como a “garantia da ordem pública”, além de evitar eventuais assédios dos réus contra testemunhas e pessoas ligadas às investigações.
Segundo a magistrada, os acusados atuavam em um grupo de extermínio, usando armas de alto calibre contra supostos criminosos. A manutenção da prisão foi justificada pela necessidade de proteger a ordem pública e evitar novos delitos.
O Ministério Público do Estado (MPMT) formalizou uma denúncia na última quarta-feira (25) assinada pelos promotores Élide Manzini, Rinaldo Segundo, Rodrigo Domingues e Samuel Frungilo. Eles destacaram que Jackson intermediou o crime a pedido do casal de empresários Cesar Sechi e Julinere Goulart, apontados como mandantes da morte do advogado, e que também estão presos.
Investigações apontam que Jackson seria responsável por repassar R$ 200 mil a Heron Teixeira, também policial militar, além de fornecer dados da vítima. Ícaro entregou uma pistola Glock G17, de propriedade da PM, usada na execução.
Ambos ainda tentaram obstruir as investigações após o crime. O assassinato de Renato Nery, em 5 de julho, está ligado a uma disputa por terras de R$ 40 milhões. Seis dias depois, outro homicídio foi cometido para encobrir o caso, com policiais forjando um confronto e plantando a arma do crime.