Nas últimas semanas, as canetas para emagrecimento se tornaram assunto ainda mais forte em Cuiabá diante da possibilidade de implantação de programa para tratar obesidade e oferta do medicamento na rede pública aos pacientes. A medicação ajuda a regular a glicose e o apetite, custa caro e precisa ser utilizada com acompanhamento médico.
O GD conversou com a endocrinologista Mariana Ramos sobre as promessas milagrosas do produto e a médica já alertou que ele não garante "emagrecimento eterno" e nem age sozinho. Aliada a medicação, é preciso um estilo de vida saudável, com exercícios físicos e alimentação equilibrada para que os resultados sejam atingidos e se tornem prolongados.
GD: O que é o Monjauro?
Mariana Ramos: O Monjauro é o nome comercial da tirzepatida, um medicamento injetável de uso semanal. Ele foi criado inicialmente para tratar o diabetes tipo 2, mas recentemente também foi aprovado no Brasil para o tratamento da obesidade e do sobrepeso. É considerado uma das opções mais modernas disponíveis hoje para ajudar no controle da glicose e do peso corporal.
GD: Como ele age no organismo?
Mariana Ramos: Esse remédio age imitando dois hormônios naturais do nosso intestino, que ajudam a regular a glicose e o apetite (GLP-1 e GIP). Na prática, ele estimula a liberação de insulina, reduz a ação de hormônios que aumentam o açúcar no sangue, diminui a velocidade com que o estômago esvazia os alimentos e faz a pessoa se sentir saciada por mais tempo. Isso ajuda tanto a controlar o diabete quanto na perda de peso.
GD: Qual a diferença entre o Monjauro e outros medicamentos como o Ozempic?
Mariana Ramos: A principal diferença está no mecanismo de ação. O Ozempic, por exemplo, age em apenas um desses hormônios (o GLP-1). Já o Monjauro atua em dois hormônios ao mesmo tempo (GLP-1 e GIP), o que o torna mais potente em muitos casos. Estudos mostram que ele pode trazer resultados mais expressivos, tanto no emagrecimento quanto no controle do açúcar no sangue.
GD: Essas canetas impedem a pessoa de voltar a engordar?
Mariana Ramos: Não. Nenhum remédio, sozinho, consegue manter o peso a longo prazo. O Monjauro é uma ferramenta importante, mas para que os resultados durem, é preciso mudar o estilo de vida, ter uma alimentação equilibrada, fazer atividade física e adotar hábitos mais saudáveis no dia a dia. Sem isso, é comum que o peso volte após o fim do tratamento.
GD: O que você acha da possibilidade de o Monjauro ser distribuído na rede pública?
Mariana Ramos: A ideia é muito positiva, especialmente para pessoas com obesidade associada a outras doenças ou com diabetes tipo 2. Mas é importante que o medicamento seja oferecido com critérios bem definidos, e que os pacientes tenham acesso a acompanhamento médico e orientação sobre saúde e hábitos de vida. Inclusive, já existe uma consulta pública aberta até 30 de junho de 2025, que discute a distribuição da semaglutida (que é a substância do Ozempic e Wegovy) no SUS, para pessoas com obesidade e doença cardiovascular associada.
GD: Como você acredita que o Monjauro pode impactar a medicina?
Mariana Ramos: O Monjauro representa um avanço importante tanto no tratamento da obesidade quanto do diabetes tipo 2. Ele não apenas controla o açúcar no sangue, mas também ajuda a perder peso, reduz gordura abdominal e melhora o metabolismo como um todo. Para os diabéticos, ele oferece um controle mais eficaz da glicemia, com possível redução da necessidade de insulina e outros medicamentos. Para quem tem obesidade, é uma opção eficaz e menos invasiva. Além disso, o uso adequado desse tipo de medicação pode diminuir internações e complicações de saúde a longo prazo, o que é ótimo tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde.
marcia
Domingo, 29 de Junho de 2025, 15h41