A médica Dieynne Saugo, que foi picada por uma cobra jararaca no final de agosto, usou as redes sociais para criticar nota de repúdio emitida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso (CRM-MT), que a acusou de ser desrespeitosa com médicos de Cuiabá, após declaração de que morreria se recebesse tratamento  no Estado. 

“Minha integral repulsa à infeliz nota manifestada CRM, que não teve o cuidado de ouvir-me para entender integralmente os fatos e me expôs de modo gravíssimo, causando mácula indelével à minha pessoa, à minha imagem profissional e à minha família”, escreveu. 

Segundo ela, a sua afirmativa de que poderia falecer caso não fosse transferida para o Centro de Referência em Saúde do Brasil, Hospital Israelita Albert Einstein, partiu da própria equipe médica, que prestava assistência num hospital particular de Cuiabá.

Ainda conforme a médica, o hospital paulista possui estrutura única no Brasil para tratamentos de casos graves. “O que de nenhuma forma diminui o valor dos meus colegas mato-grossenses e os serviços ali existentes. E sabidamente, o meu caso era gravíssimo e ocorria risco iminente de morte”, disse a médica.

A médica também reforça que o que motivou sua transferência foi o fato de que não havia ortopedista especialista em cirurgia da mão para realização desse procedimento na unidade que ela estava internada. “O que se mostrava essencial para minha recuperação, pois não havia nem recurso que pudesse controlar a hemorragia que eu estava sofrendo, conforme alertado pela equipe médica”, destacou Dieyenne. 

A médica diz que o CRM agiu de forma precipitada e citou a “morte da ética médica”, uma vez que, segundo ela processos do próprio Conselho correm em segredo de justiça. “Com essa atitude precipitada e altamente lesiva deve procurar se retratar uma vez que se as próprias sindicâncias e processos tramitam em segredo de justiça, que dirá́ o Conselho Federal de Medicina da conduta de sua Regional mato-grossense, que lança uma denuncia publica desrespeitando as regras para tanto e também ferindo de morte a Ética Medica que deve nortear as suas condutas???”,escreveu a médica. 

Ela ainda rebateu um trecho da nota do CRM, que aponta que a médica desmereceu a atuação da equipe do SAMU, que realizou o atendimento pré-hospitalar, à equipe do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá que aplicou o soro antiofídico e à equipe do Complexo Hospitalar de Cuiabá, que foi quem assumiu a responsabilidade pela traqueostomia quando suas vias respiratórias.

“Faço registrar a todos os profissionais da Saúde do Mato Grosso e de São Paulo que participaram do meu tratamento e também aqueles que hodiernamente abdicam de suas vidas pessoais em prol da luta pela saúde do povo brasileiro, a minha profunda e eterna gratidão”, completou.

O CASO

A picada aconteceu no dia 30 de agosto. Dieynne tomava banho com amigos na Cachoeira Serra Azul, em Nobres, durante um passeio no domingo (30), quando a cobra despenca com a queda d’água da cachoeira e atingiu a vítima. Ela foi picada duas vezes, na mão e no pescoço.