A denúncia da existência de um suposto acordo ilegal que toleraria o descumprimento da carga horária de trabalho de médicos do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá e de outras unidades de saúde do município, como forma de compensar os baixos salários, acirrou os ânimos entre o sindicato e a prefeitura. A presidente do Sindicato dos Médicos (Sindimed), Eliana Siqueira, disse que os médicos, com a anuência da Prefeitura, não cumprem as 20 horas semanais. Trabalham menos, apenas duas vezes na semana, e aceitam salário menor, R$ 3,5 mil, inicial.
“Propor esquema para que o profissional não cumpra a carga de 20 horas tem como objetivo conseguir profissionais que trabalhem sob as péssimas condições e com os baixos salários oferecidos”, reforça a direção do Sindimed.
A denúncia do Sindimed irritou a equipe do prefeito Mauro Mendes. Logo depois de tomar conhecimento da denúncia, o secretário de Saúde, Ary Soares de Souza, chegou a fazer declarações à imprensa negando a existência de qualquer esquema que beneficie ou reduza a carga horária dos médicos. Disse em órgãos de comunicação que essa poderia ser uma prática empregada em gestões passadas, mas não na atual. A Prefeitura explica que paga R$ 5,8 mil para os contratados e R$ 7,2 mil para os concursados.
Diante da polêmica e da negativa da prefeitura, no início da tarde de ontem a direção do Sindimed divulgou uma “nota de esclarecimento” em que reafirma a existência do esquema. Complementando, Eliana Siqueira diz que repudia tal prática e que a luta da entidade é por condições adequadas de trabalho e salário digno.
Conforme a presidente, não cabe ao sindicato fiscalizar se os médicos estão ou não cumprindo a carga horária de trabalho. Após a publicação da nota, nenhum representante da gestão municipal quis comentar o assunto. A assessoria de imprensa da SMS, com tom irritado, disse que ninguém se posicionaria sobre esse assunto e que caberia ao sindicato comprovar o que está denunciando.
GREVE – As relações médicos X prefeitura nunca foram das melhores. Somente este ano o município enfrentou duas paralisações. A primeira, em abril, se estendeu por 17 dias. A segunda, deflagrada em junho, só terminou no inicio deste mês, depois que a justiça decretou a ilegalidade do movimento.
Emerson
Quinta-Feira, 23 de Julho de 2015, 09h51