Segunda-Feira, 13 de Julho de 2020, 17h:13 | Atualizado:
DEU NO JORNAL HOJE
Pesquisador da Fiocruz revela que testagem das pessoas é um dos critérios para flexibilização da atividade comercial
Dados do Ministério da Saúde apontam que Mato Grosso é o Estado que menos realiza testes do novo coronavírus nas redes públicas e privadas. Segundo o painel divulgado durante a reportagem exibida pelo Jornal Hoje nesta segunda-feira (13), MT ocupa o 5º lugar no ranking entre os Estados que menos realizam testes para Covid-19.
De acordo com o levantamento, desde o início da pandemia, em março, até o dia 10 de julho foram realizados apenas 19 testes a cada mil pessoas que procuraram as unidades médicas. O Estado fica a frente somente de Goiás (13,3), Minas Gerais (15,10), Pernambuco (17,73) e Santa Catarina (18,04).
O motorista Silvino Rosa Marques procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Várzea Grande após sentir os primeiros sintomas da doença. Mesmo assim, não foi testado devido a indisponibilidade do exame. “Eu cheguei 11 horas da manhã e sai 17 horas sem atendimento. Estou passando mal, meu pulmão dói muito, não sinto gosto de nada e pelas características eu estou com esse troço”, reclamou.
Com a ineficiência do sistema público para testar os pacientes que precisam de atendimento, o diagnóstico do novo coronavírus se tornou um carro-chefe altamente lucrativo para os laboratórios particulares. Conforme noticiou o FOLHAMAX, em Cuiabá os testes variam de R$ 200 a R$ 400.
O Governo de Mato Grosso garante que já chegou a testar uma média de 2 mil pessoas por dia através do Laboratório Central. Contudo, a capacidade despencou após o Governo Federal romper o contrato com a empresa responsável por conceder os equipamentos e insumos.
O secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, esclareceu que atualmente realiza metade dos testes do que era realizado anteriormente. “A gente teve uma queda para 400 testes por dia, hoje já estamos com capacidade para mil testes por dia novamente”, explicou.
Para o pesquisador da Fiocruz, Diego Xavier, a testagem em massa é indispensável para controlar a pandemia e definir a flexibilização econômica das atividades comerciais. Segundo ele, esse foi um dos motivos que colaboraram para o aumento do contágio no Estado e automaticamente para o decreto do “fecha tudo” em Cuiabá e Várzea Grande.
“Se a gente faz um relaxamento sem testagem, sem estar rastreando as pessoas que tiveram contato com o caso notificado, inevitavelmente o vírus volta a se espalhar com velocidade e aí a gente tem que retroceder. Isso que aconteceu. Fez o um relaxamento, mas não se tomou medidas adequadas para isso”, concluiu.