O Ministério Público do Trabalho (MPT) participou, na última quinta-feira (10), de uma audiência sobre racismo contra profissionais de enfermagem promovida pelas Comissões de Saúde e de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O debate foi proposto pela deputada e enfermeira Rejane de Almeida (PCdoB-RJ).
Segundo a deputada, "o racismo, na área da saúde, se dá, sobretudo, com os próprios colegas profissionais de enfermagem e profissionais de saúde. Essa relação racista, ela permeia a relação do trabalho, o que é pior. Por isso, nós precisamos debater: porque estas são as pessoas que são excluídas de uma oportunidade, para assumir os cargos de chefia e os cargos de direção”, defende a deputada Rejane de Almeida.
Na oportunidade, a procuradora do Trabalho Silvana da Silva alertou que existem diferentes tipos de racismo: institucional, estrutural, recreativo, individual, religioso, cultural, entre outros. “E quando a gente está num ambiente de saúde, na profissão de enfermagem, a gente acentua que, esse racismo, em sendo uma doença social, vai repercutir também nos usuários, nos familiares e nos profissionais da saúde”.
A procuradora também destacou que os profissionais da enfermagem muitas vezes são mulheres, negras, e, às vezes, são pessoas com uma faixa etária mais avançada. “Então, a gente tem acumulações de discriminações, que vão, ainda mais, preterir as pessoas, no mercado de trabalho. E o MPT atua para combater e responsabilizar tanto o ofensor quanto a instituição, seja pública ou privada, em que esse tipo de violência acontece”, explicou Silvana da Silva.
Para o presidente do Conselho Federal de Enfermagem, Manoel Carlos Neri, “garantir que esses profissionais possam exercer suas atividades em um ambiente livre de preconceitos não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma forma de assegurar qualidade e a humanização do cuidado para todos os pacientes. A luta contra o racismo na enfermagem é uma luta por dignidade, respeito e um futuro mais igualitário na área de saúde”.