O policial militar Ricker Maximiano de Moraes disse, em seu julgamento, que está psicologicamente abalado pela morte da esposa e pede tratamento médico para o quadro de esquizofrenia que alega ter. O réu passa por júri popular, nesta terça-feira (8), no Fórum de Cuiabá. A sessão é referente a processo de 2018, no qual é acusado de balear um jovem e o deixar com sequelas físicas e psicológicas permanentes. Em seu depoimento, Ricker falou pouco mais de 4 minutos, chorou e informou que não teria muito a declarar, pois se sente mentalmente doente.
O julgamento desta terça é referente à tentativa de homicídio, porém o policial está preso por matar a esposa, Gabrielli Daniel de Sousa,31, em maio deste ano. Na época do crime julgado, o casal namorava e a mulher testemunhou o ataque ao menor.
“Dois anos fazendo acompanhamento psiquiátrico por causa da minha profissão, eu tenho esquizofrenia. Não tenho condições de falar porque não tomei meu medicamento, não tenho condições de falar nada sobre o assunto. Eu já fiz a oitiva doente, mas não consigo falar sobre isso, ainda mais falando o nome da minha esposa. Todos nós temos uma carga explosiva dentro de nós, peço desculpas, peço que colabore para que eu trate da minha doença que é esquizofrenia”, declarou em juízo.
Durante depoimento, a defesa de Ricker, patrocinada pelo advogado Rodrigo Pouso, pediu para que fossem retiradas as algemas e foi atendido. Quando questionado sobre o estado civil para procedimento padrão, Ricker mencionou que “infelizmente está solteiro”.
Acusado pela morte da esposa Gabrielli Daniel de Sousa, que inclusive seria uma das testemunhas no julgamento deste caso, chamou atenção dos que acompanhavam o júri que Ricker usava aliança. Ele é acusado também de matar Gabrielli a tiros, no dia 25 de maio deste ano, na casa do casal e depois deixar os filhos com parentes e fugir. Ele se entregou no dia seguinte.
Outro fato que chamou atenção foi o depoimento de uma das testemunhas de defesa de Ricker, o policial de reserva José Antônio. Ele citou que “no bairro Dom Aquino, 4 ou 5 pessoas andando juntas, é uma situação suspeita, é complicado” e que “cidadão de bem não anda na rua à noite”. Diante da fala, foi citado que o policial deve ser investigado, já que sua frase induz a um racismo estrutural.
A menção da testemunha faz referência ao fato de que Ricker teria dito anteriormente que atirou nos garotos, pois teriam atitude suspeita e tentaram assaltá-lo, fato desmentido por câmeras de segurança da região. Imagens mostram que ele discutia com Gabrielli, quando os rapazes passaram e teriam supostamente rido, momento em que mandou que “vazassem dali” e correu atrás atirando.
No momento de suas considerações, o promotor de Justiça Jaques de Barros Lopes, designado para o júri, descreveu que durante a leitura das primeiras fases do processo já se sentia indignado e citou que falaria verdades duras.
“Aquela pessoa que o estado pagou, deu recursos, educou, e que deveria nos proteger é responsável por tirar de nós o que temos de mais precioso, a vida. [...] Ricker Maximiano de Moraes tem caráter extremamente desprezível, mentiroso, dissimulado, assassino, não me comove nem um pouco as lágrimas de crocodilo. Atirou pelas costas em 3 adolescentes que estavam brincando na rua. Estava discutindo com a namorada, e então depois virou esposa e finada por ele mesmo, testemunha presencial dos fatos, ele tirou a vida há 3 dias do julgamento, ceifou a vida da testemunha e agora quer chorar, deixou 2 crianças órfãs de mãe”.
O promotor Jaques ainda destacou contradições, como em interrogatório na delegacia em que Ricker disse que discutia a relação com Gabrielli e os jovens disseram que eles estavam brigando. Já em outro momento, ele nega e diz que “conversavam normalmente” sobre uma viagem de férias. “A Gabrielli infelizmente não está aqui hoje para dizer a verdade, mas ela disse na instrução que eles falaram de boa e o Ricker atirou contra eles e correu”, citou.
O julgamento iniciou na manhã desta terça (8) e a previsão é que siga até a noite.
O caso
Conforme denúncia, no dia 23 de junho de 2018 o menor e outros dois amigos retornavam para casa, a pé, pela avenida General Melo, dando risadas e conversando, quando se depararam com um casal discutindo na rua, que se tratava do Ricker e sua namorada, que depois se tornou esposa.
Neste momento, o policial falou para os adolescentes: “o que vocês estão rindo? Vaza, vaza”. E na sequência, levantou a camisa e retirou uma arma de fogo da cintura. Com a ameaça, os adolescentes saíram correndo, e foram seguidos por Ricker.
Após correrem por alguns metros, a vítima percebeu que o policial parou e também parou de correr, momento em que o acusado atirou nele pelas costas, o atingindo na região glútea esquerda.
A vítima foi submetida a cirurgia de urgência e os ferimentos causados provocaram debilidade permanente na função urológica do jovem, que, atualmente, precisa de cateterismo para esvaziar a bexiga.
Pql
Terça-Feira, 08 de Julho de 2025, 22h10Jairo
Terça-Feira, 08 de Julho de 2025, 21h52sóco baleado
Terça-Feira, 08 de Julho de 2025, 20h33Psiquiatra
Terça-Feira, 08 de Julho de 2025, 20h11Polícial Militar
Terça-Feira, 08 de Julho de 2025, 19h30Indigninadissimo
Terça-Feira, 08 de Julho de 2025, 18h33