Rede de Enfrentamento à violência doméstica de Barra do Garças (a 509 km a leste de Cuiabá), mais conhecida como “Rede de Frente” é experiência que deu certo e vem rendendo bons frutos graças ao trabalho, literalmente em rede, engajado dos profissionais e instituições envolvidos. A boa prática foi tema da capacitação virtual realizada pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher) no âmbito do TJMT e Escola dos Servidores nessa terça-feira (6 de julho) para técnicos que atuam nas redes em várias comarcas do Estado.
Barra do Garças foi a primeira Comarca de Mato Grosso a implementar a patrulha Maria da Penha, graças às ações para reduzir os índices de violência doméstica da Rede de Frente. E foi o que o juiz Marcelo Sousa Melo Bento de Resende, titular da Segunda Vara Criminal da Comarca de Barra do Garças contou.
“O mais concreto que podemos citar em Barra, mesmo com a pandemia, é o forte nome que a Rede de Enfrentamento tem na sociedade, é extremamente conhecida, tem a logomarca em uma viatura da PM há anos. A Patrulha Maria da Penha foi institucionalizada há pouco tempo, mas há anos já existe uma viatura com a logo Rede de Frente. Mais do que qualquer número que eu possa citar é dizer que a sociedade de barra do garças conhece a rede de frente há muito tempo, antes de se falar em institucionalizar. Tudo isso é fruto da conversa, do diálogo, de uma boa relação interpessoal entre todos os envolvidos”, comenta.
A Rede de Frente possui cinco eixos para o desenvolvimento dos trabalhos e ações, os quais foram apresentados pelo magistrado: Rede de atenção e proteção social - onde é iniciado o atendimento (PM, PJC, CREAS, CRAS); aplicação humanizada do procedimento legal; educação permanente dos agentes sociais; Núcleo Acadêmico de Pesquisa e prevenção e sensibilização social: campanhas, projetos em escolas.
A Rede em Barra do Garças mobiliza a sociedade nas suas diversas fontes e segundo conta o magistrado é um trabalho de anos, com um grande entrosamento e dedicação que toda a sociedade conhece. “Isso é uma construção social muito grande e é algo que todos se esforçam para fazer, aquilo que lhe cabe, de maneira muito entrosada. É uma rede que trabalha como rede, que não precisa de alguém dizer o que fazer pois cada um sabe o seu papel, com muita responsabilidade”, reitera.
Denise da Silva Nery é psicóloga da Delegacia da Mulher de Barra do Garças e está participando da capacitação. Porém, nada melhor do que quem faz parte da Rede de Frente para falar sobre o atendimento, na prática. A convite do juiz Marcelo Sousa Melo Bento de Resende, Denise falou da atuação e todo o trabalho desenvolvido, mais especificamente sobre o Eixo 1.
“A patrulha tem um papel muito relevante com as vítimas no sentido de segurança mesmo e a nossa comunicação é muito boa e isso é devido a essa rede que funciona muito bem porque todos estão integrados. Fazem atendimento da vítima e das acrianças em situação de violência. Chegam por demanda espontânea, para pegar informações”.
A psicóloga conta que também são atendidas em Barra do Garças não apenas mulheres vítimas de violência, mas de mulheres atendidas pelo CRAS, como as que recebem benefícios do Bolsa Família e participam do serviço de fortalecimento de vínculo. “São mulheres que estão ali por diversas violações de direitos, com histórias diversificadas. Todas as mulheres atendidas se sentem acolhidas e seguras e tudo isso graças à parceria e trabalho da rede de frente, que tem uma comunicação muito com a prefeitura, o que é muito necessário”.
A coordenadora da Cemulher, desembargadora Maria Aparecida Ribeiro sempre se faz presente nas capacitações e falou da importância que tem sido essas oportunidades para difundir conhecimentos com os técnicos das Redes. “É uma satisfação estarmos reunidos em mais esta oportunidade. A gente fica muito feliz em saber que o resultado é positivo e temos aprendido bastante com os senhores. Tenho participado do trabalho executado pela Rede de Barra do Garças e é um trabalho gratificante realizado por uma equipe entrosada.”
Cronograma – Na quinta-feira (8/07) os assuntos da capacitação serão: Patrulha Maria da Penha (8h30 às 9h30), com a tenente-coronel Emirella Martins. Depois, a desembargadora Maria Erotides Keip falará sobre o Formulário de Risco – Resolução Conjunta (MP/PJ) N. 5/2020.]
No último dia da capacitação (13 de julho) a psicóloga Renata Carrelo da Costa e a assistente social Adriany Sthefany de Carvalho, ambas da Cemulher, falarão sobre” Violência Doméstica e familiar em sua dimensão psicossocial: o papel da equipe técnica”.
A gestão do Poder Judiciário para o biênio 2021/2022, sob a presidência da desembargadora Maria Helena Póvoas, desenvolveu a campanha “A vida recomeça quando a violência termina: quebre o ciclo” para alcançar vítimas, agressores, policiais, magistrados, vizinhos, família, sociedade por meio de orientações, informações e formar parcerias com os poderes Executivo e Legislativo para fortalecer, nos municípios, a rede de proteção à mulher vítima de violência doméstica. A iniciativa foi lançada na semana que antecedeu o Dia da Mulher (8 de março).