As aulas da segunda turma do curso de formação “Promotoras Legais Populares” de Cuiabá tiveram início no sábado (26). Mais de 40 mulheres participaram do lançamento da segunda etapa que será de responsabilidade da Sala da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Parceira do Ministério Público Estadual na execução do projeto, a Sala da Mulher, através da sua coordenadora Dilair Savi, deus as boas vindas e incentivou às novas alunas.
“Nós esperamos que elas aproveitem e não desistam. Que elas tentem aprender o máximo desse conteúdo que será disponibilizado e que elas levem esse conhecimento para suas comunidades, para seus bairros, que exerçam esse aprendizado que estão tendo aqui porque essa é uma chance única que elas têm de aprender tudo sobre lei e levar para pessoas menos esclarecidas”, afirmou Dilair Savi.
Coordenado pela promotora de Justiça, Lindinalva Rodrigues, o PLP visa capacitar mulheres para fortalecer a influência feminina junto à comunidade, combatendo a violência, discriminação e facilitando o alcance aos seus direitos. O conteúdo programático inclui noções de gênero, cultura de paz, direitos humanos, formação do Estado e as diversas abordagens dos direitos constitucionais regulamentados por meio de políticas públicas.
Para a aluna Rosineide Belarmino Santos, líder comunitária da comunidade São Gerônimo, a expectativa em relação ao curso é grande. “Me despertou o interesse e acho que o aprendizado vai ser muito grande e o retorno maior ainda porque vou poder levar para a nossa comunidade, que é carente de informação. Eu acredito que até o final do curso eu vou levar muita informação pra lá, contando com o apoio do Ministério Público e da Sala da Mulher”, afirmou ao ressaltar que cerca de 400 famílias vivem na Comunidade São Gerônimo e que apesar da proximidade com Cuiabá (20 km), a carência de informação na região é grande.
A promotora legal Euza Maria de Araújo Rodrigues se formou na primeira turma do curso e já está colocando em prática tudo o que aprendeu. “É um curso de suma importância porque agora eu já tenho a firmeza no meu trabalho. Antes eu já trabalhava com violência contra mulher no Fórum de Articulação de Violência Contra a Mulher. Agora nas reuniões a gente pode orientar as mulheres e encaminhar corretamente onde elas devem procurar os direitos. A gente ouve o clamor dessas mulheres e a elas têm aquela segurança de procurar a gente. Então, quem puder, eu oriento que faça, porque vale a pena fazer. A gente renuncia a várias coisas, como ficar com a família ou fazer um passeio, mas abriu meu conhecimento”, afirmou.
Para a idealizadora do projeto, promotora de justiça Lindinalva Rodrigues, o curso é uma ação de transformação social e cidadania. “Essas mulheres vão saber identificar uma vitima de violência doméstica, de abuso sexual, vão saber como funciona a dinâmica de uma delegacia, de uma promotoria de justiça, do sistema único de saúde, vão saber correr atrás dos direitos que elas já possuem e auxiliar também os moradores da comunidade para que eles saibam onde procurar e buscar esses direitos”, ressaltou ao observar que “conhecimento é poder, e desta forma nós estamos ‘empoderando’ essas mulheres e auxiliando a comunidade onde elas moram”.
A primeira turma do curso contou com 34 formandas, que receberam o certificado de conclusão do curso no dia 13 de março de 2014. Todas são lideres comunitárias e agora estão aptas a atuarem em suas comunidades enquanto multiplicadoras de informações, podendo realizar oficinas comunitárias, palestras, atividades de divulgação de informações, além de atuar em Conselhos da Mulher, de Saúde, fóruns e redes, tudo de acordo com o trabalho e aptidão desenvolvido por elas.
De acordo com a coordenação do projeto, o índice de evasão da primeira turma foi de 22%, abaixo do esperado, que era de 25%. As aulas são realizadas sempre aos sábados, na Escola do Legislativo, em horários alternados e, às vezes, durante todo o dia.
O projeto, de iniciativa do Ministério Público Estadual, tem como parceiros o Governo do Estado de Mato Grosso, Sala da Mulher da Assembleia Legislativa, Câmara Municipal de Cuiabá e a Fundação Escola Superior do MPE.